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Gol e Azul assinam acordo para possível fusão: é hora de comprar ações?

As ações das empresas de aviação Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) estão entre as maiores altas desta quinta-feira (16), após a assinatura de um memorando de entendimento não vinculante (MoU, na sigla em inglês) para uma potencial fusão das duas aéreas.

O documento foi assinado pela Azul e o principal acionista e investidor da Gol, o Abra Group. Por volta de 13h30, Azul subia 5,67%, para R$ 4,66, enquanto Gol tinha elevação de 5,52%, para R$ 1,72

Como ficam as ações agora?

Este ano, com os rumores sobre a aproximação entre as duas companhias, os papéis da Azul já tiveram alta de 24,58%, depois de terem caído 77,89% em 2024, segundo a Economatica. Já a Gol, depois de ter caído 85,51% no ano passado, teve alta de 25,38%, de 2 a 15 de janeiro.

Essa alta se justifica porque o investidor vê vantagem para as duas companhias caso a fusão realmente ocorra. É o que diz Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos. As duas aéreas estão, segundo ele, num bom momento para a negociação pois reduziram suas dívidas no ano passado.

A Gol fechou em novembro um acordo de reestruturação para sair do processo de recuperação judicial. A empresa entrou no Chapter 11 nos Estados Unidos em janeiro do ano passado.

A Azul fez em outubro um acordo com credores para melhorar sua situação financeira. O trato prevê a contração de nova dívida de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,8 bilhões), sendo que os atuais credores fornecerão US$ 150 milhões com vencimento em 90 dias, e mais US$ 250 milhões após esse prazo.

No início do mês, o governo federal finalizou outro entendimento com Gol e Azul para redução da dívida das duas companhias aéreas com a União. A Azul pagará R$ 1,1 bilhão de uma dívida de R$ 2,8 bilhões. Já a dívida da Gol passou de cerca de R$ 5 bilhões para R$ 880 milhões.

Nesse momento, fazer sinergias entre as duas companhias, mantendo as marcas separadas, gerará muita economia e é bom para ambas.
Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos

Mas é positivo?

Pode ser, mas o Goldman Sachs prefere que os investidores não comprem, nem vendam ações agora. Isso porque o fechamento de um real acordo está sujeito a diversas condições, tais como aprovações corporativas e regulatórias (incluindo do Cade - Conselho Administrativo de Defesa Econômica, e da ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil, além da saída da Gol do seu processo de recuperação judicial nos EUA.

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Todo esse processo pode criar muitas oscilações para baixo e para cima. "No curto prazo, podemos ter volatilidade nos preços das ações, refletindo a expectativa de investidores de precificar as mudanças estratégicas e as possíveis incertezas operacionais e financeiras", diz Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco.

As duas companhias juntas teriam cerca de 60% do mercado. Por isso, o caso promete se estender, por exemplo, no Cade. Então, não há previsão de que a fusão saia tão cedo, alerta o banco americano.

Quais são os riscos de se investir?

São bem altos e por isso Artur Horta, analista de investimentos da GTF Capital não recomenda a compra da ação. "Não sabemos ainda como será a estrutura de capital da nova empresa e pode acontecer uma diluição das ações", explica ele. Diluição é a redução da participação de um acionista em uma empresa, que acontece quando a companhia emite novas ações ou recebe investimentos de novos acionistas.

Essa é a mesma preocupação do Instituto Ibero-Americano da Empresa (Instituto Empresa). "A fusão pode gerar reflexos significativos na B3, agravando a concentração de companhias abertas em setores estratégicos e restringindo a competitividade entre os investidores, segundo publicou a entidade de governança corporativa em nota. "Para viabilizar a transação, é provável que haja emissão de novas ações, o que pode diluir a participação dos acionistas minoritários e comprometer a transparência e o equilíbrio das decisões societárias. Por isso os minoritários precisam de garantias claras de que seus direitos serão respeitados em um processo dessa magnitude", afirma Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa.

Além disso, alguma das duas companhias pode desistir no meio do caminho. Isso, porém, é improvável, dada a situação financeira de cada uma e as perspectivas de melhora com a fusão.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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