Muita inflação e pouco crescimento, pano de fundo nas eleições na Argentina
Buenos Aires, 20 Out 2017 (AFP) - O governo de Mauricio Macri espera receber um forte apoio nas eleições legislativas de domingo, apesar da inflação que atinge o bolso dos argentinos, em um cenário de tímido crescimento econômico.
"O panorama é bastante positivo. A economia se reativou mais do que esperávamos", disse à AFP Héctor Rubini, economista e professor da Universidade del Salvador, particular.
Contudo, Macri não conseguiu conter a alta do custo de vida - sua principal promessa durante a campanha de 2015.
"A dinâmica positiva trouxe efeitos secundários a curto prazo: aumento da inflação, movimentos sociais, gargalos persistentes em infraestrutura", de acordo com um relatório recebido pela AFP da Coface, a companhia francesa de seguros para Comércio Exterior.
A economia cresceu 1,6% no primeiro semestre deste ano, apesar de não ter conseguido recuperar o recuo de 2,3% em 2016, o primeiro ano de Macri, que almeja conquistar mais assentos no Congresso - onde só consegue a maioria por meio de alianças políticas com seus opositores moderados.
"O Banco Central não conseguirá alcançar seu objetivo de 1% de inflação mensal no último trimestre do ano", disse à AFP Pablo Tigani, diretor da consultoria de mercado Hacer.
A inflação acumula, até setembro, 17,6%, acima da meta do BC e do governo, de 12% a 17% para o ano inteiro.
- "Brotos verdes" -"Tecnicamente, há cinco meses de indicadores positivos, mas não é o suficiente para ser notado na renda real", explicou Rubini.
Apesar dos "brotos verdes", como o governo chama essa sutil evolução, as pessoas viram crescer os preços dos bens e serviços constantemente, enquanto os salários e a renda seguem em ritmo lento.
"A sustentabilidade da recuperação econômica dependerá do resultado das eleições. Se (a candidata opositora e senadora Cristina Kirchner) conseguir um bom resultado, poderia tentar voltar à Casa Rosada (sede do governo), com risco de ameaçar a política empresarial", acrescentou a Coface.
Macri é bem quisto pelos mercados. Ele reduziu os impostos no campo e reparou dívidas não pagas. Muito diferente do kirchnerismo que governou durante 12 anos a Argentina e sustenta suas propostas acerca do papel central do Estado e das políticas de assistência social.
"Eu deixei de comprar itens básicos, como iogurte, queijo, sobremesas. É difícil manter o padrão de vida, e isso porque eu tenho trabalho", disse Gimena Toro, uma empregada doméstica de 36 anos, com dois filhos e um marido pedreiro.
Com a memória fresca de um passado de hiperinflação na década de 1990, os argentinos exercitam a criatividade.
Uma pesquisa do Centro Estratégico para o Crescimento e Desenvolvimento Argentino (Cecreda) mostrou que 78,9% admitem que a situação econômica impactou seu consumo diário: 55,2% deixaram de consumir certos alimentos ou passaram a comprar marcas piores, e 71, 2% evitam comprar roupas.
Além disso, 79,1% admitiram que deixaram de gastar com lazer, e 62,9% abriram mão das férias.
Apesar disso, todos os índices apontam para uma mínima recuperação econômica, que o governo exibe como um estandarte.
"O principal setor é a construção, fervilhando com uma injeção de hipotecas com retornos duvidosos. Na conjuntura, a economia é um fator positivo para o partido no poder", refletiu Tigani.
- Chuva de investimentos -Apesar do reconhecimento internacional ao governo Macri e do apoio de Estados Unidos, França, Itália e Espanha, entre outros, a chamada "chuva de investimentos" não aconteceu.
"Era esperada para o segundo semestre de 2016 uma chegada de investimentos estrangeiros diretos que não ocorreu e foi substituída pela chegada de fundos para títulos, ou financeiros", explicou Rubini.
A política monetária favoreceu isso, com a oferta de títulos com bom rendimento, o que aumentou a dívida.
Na luta contra a inflação, o BC emite títulos em pesos e paga 27%. "Essa é uma bomba relógio", alertou Rubini.
"É por isso que o médio e longo prazo são cruciais nesta eleição: do exterior, a Argentina ainda é vista como um país arriscado, porque ainda precisa fazer reformas regulatórias e institucionais para dar mais garantias ao investimento estrangeiro", opinou o analista.
"O panorama é bastante positivo. A economia se reativou mais do que esperávamos", disse à AFP Héctor Rubini, economista e professor da Universidade del Salvador, particular.
Contudo, Macri não conseguiu conter a alta do custo de vida - sua principal promessa durante a campanha de 2015.
"A dinâmica positiva trouxe efeitos secundários a curto prazo: aumento da inflação, movimentos sociais, gargalos persistentes em infraestrutura", de acordo com um relatório recebido pela AFP da Coface, a companhia francesa de seguros para Comércio Exterior.
A economia cresceu 1,6% no primeiro semestre deste ano, apesar de não ter conseguido recuperar o recuo de 2,3% em 2016, o primeiro ano de Macri, que almeja conquistar mais assentos no Congresso - onde só consegue a maioria por meio de alianças políticas com seus opositores moderados.
"O Banco Central não conseguirá alcançar seu objetivo de 1% de inflação mensal no último trimestre do ano", disse à AFP Pablo Tigani, diretor da consultoria de mercado Hacer.
A inflação acumula, até setembro, 17,6%, acima da meta do BC e do governo, de 12% a 17% para o ano inteiro.
- "Brotos verdes" -"Tecnicamente, há cinco meses de indicadores positivos, mas não é o suficiente para ser notado na renda real", explicou Rubini.
Apesar dos "brotos verdes", como o governo chama essa sutil evolução, as pessoas viram crescer os preços dos bens e serviços constantemente, enquanto os salários e a renda seguem em ritmo lento.
"A sustentabilidade da recuperação econômica dependerá do resultado das eleições. Se (a candidata opositora e senadora Cristina Kirchner) conseguir um bom resultado, poderia tentar voltar à Casa Rosada (sede do governo), com risco de ameaçar a política empresarial", acrescentou a Coface.
Macri é bem quisto pelos mercados. Ele reduziu os impostos no campo e reparou dívidas não pagas. Muito diferente do kirchnerismo que governou durante 12 anos a Argentina e sustenta suas propostas acerca do papel central do Estado e das políticas de assistência social.
"Eu deixei de comprar itens básicos, como iogurte, queijo, sobremesas. É difícil manter o padrão de vida, e isso porque eu tenho trabalho", disse Gimena Toro, uma empregada doméstica de 36 anos, com dois filhos e um marido pedreiro.
Com a memória fresca de um passado de hiperinflação na década de 1990, os argentinos exercitam a criatividade.
Uma pesquisa do Centro Estratégico para o Crescimento e Desenvolvimento Argentino (Cecreda) mostrou que 78,9% admitem que a situação econômica impactou seu consumo diário: 55,2% deixaram de consumir certos alimentos ou passaram a comprar marcas piores, e 71, 2% evitam comprar roupas.
Além disso, 79,1% admitiram que deixaram de gastar com lazer, e 62,9% abriram mão das férias.
Apesar disso, todos os índices apontam para uma mínima recuperação econômica, que o governo exibe como um estandarte.
"O principal setor é a construção, fervilhando com uma injeção de hipotecas com retornos duvidosos. Na conjuntura, a economia é um fator positivo para o partido no poder", refletiu Tigani.
- Chuva de investimentos -Apesar do reconhecimento internacional ao governo Macri e do apoio de Estados Unidos, França, Itália e Espanha, entre outros, a chamada "chuva de investimentos" não aconteceu.
"Era esperada para o segundo semestre de 2016 uma chegada de investimentos estrangeiros diretos que não ocorreu e foi substituída pela chegada de fundos para títulos, ou financeiros", explicou Rubini.
A política monetária favoreceu isso, com a oferta de títulos com bom rendimento, o que aumentou a dívida.
Na luta contra a inflação, o BC emite títulos em pesos e paga 27%. "Essa é uma bomba relógio", alertou Rubini.
"É por isso que o médio e longo prazo são cruciais nesta eleição: do exterior, a Argentina ainda é vista como um país arriscado, porque ainda precisa fazer reformas regulatórias e institucionais para dar mais garantias ao investimento estrangeiro", opinou o analista.
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