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China se prepara para guerra comercial

28/06/2018 15h16

Pequim, 28 Jun 2018 (AFP) - As autoridades chinesas se preparam para enfrentar uma possível guerra comercial que já fez as bolsas despencarem e poderá afetar a economia do gigante asiático.

O governo americano poderia impor, no começo de julho, tarifas às importações chinesas por até 34 bilhões de dólares.

Essa perspectiva fez a Bolsa de Xangai cair 8% nas últimas duas semanas e também colocou pressão sobre o iuane, a moeda chinesa, que está em seu nível mais baixo desde novembro de 2017.

"O crescimento chinês poderia perder 0,3 ponto em 2019, mas o impacto pode ser muito maior". Isso afetaria tanto as multinacionais, quanto os mercados e os investidores, devido à incerteza sobre a guerra comercial, aponta Gregory Daco, da consultoria Oxford Economics.

Após a queda de 4% da Bolsa de Xangai em 19 de junho, em consequência de novas ameaças do presidente americano Donald Trump, o governador do banco central chinês (PBOC) pediu "calma e racionalidade" aos investidores, garantindo que a instituição vai frear os "choques exteriores".

Além disso, o PBOC anunciou neste domingo a redução em 50 pontos base do percentual de reservas de títulos exigidos da maioria dos bancos chineses, uma medida que quer estimular o crédito às pequenas empresas com um total de 700 bilhões de yuanes (91 bilhões de euros).

"É dinheiro fresco para a economia real, um sinal forte de flexibilização monetária por parte do governo", garante Lu Ting, analista do banco Nomura.

A medida começará a ser aplicada em 5 de julho, um dia antes da possível entrada em vigor das tarifas americanas.

- Endividamento -Contudo, a injeção de liquidez contrasta com a política do governo chinês nos últimos meses para tentar combater o excesso de endividamento.

"É uma mostra de que as autoridades estão preocupadas com o risco do freio econômico provocado pelos drásticos esforços de desendividamento", indica Julian Evans-Pritchard, da consultoria Capital Economics.

"A maior ameaça continua sendo o endurecimento para acessar o crédito (...) e deveria provocar um freio da atividade mais forte do que as autoridades estão dispostas a aceitar", acrescenta.

Paralelamente, a produção industrial e os investimentos caíram em maio, dois sinais de desaceleração da segunda maior economia do mundo.

Para 2018, o governo de Pequim fixou uma meta de crescimento de 6,5%.

Por ora, as medidas do banco central não conseguiram acalmar as bolsas ou convencer analistas econômicos.

Isso coloca as autoridades chinesas em uma situação complexa: por um lado, elas tentam apoiar a economia e as empresas, facilitando os empréstimos, mas, por outro, querem reduzir o nível global de endividamento no país.

A combinação do enorme endividamento com as contantes quebras de empresas e as tensões comerciais poderiam provocar "pânico financeiro", alertou o National Institution for Finance and Development, influente gabinete estratégico chinês.

De acordo com uma nota revelada pela Bloomberg, a instituição considera que a prioridade das autoridades financeiras e econômicas chinesas nos próximos anos deveria ser "evitar que [o pânico financeiro] chegue e que se estenda".

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