May vê possibilidade de novas discussões sobre Brexit com UE
Bruxelas, 14 dez 2018 (AFP) - A primeira-ministra britânica, Theresa May, considerou, nesta sexta-feira (14), que é possível que sejam realizada mais discussões com seus sócios europeus para conseguir "esclarecimentos adicionais" sobre o acordo de separação que permitam sua aprovação em Westminister e afastar o cenário de um temido Brexit duro.
"Meus diálogos de hoje com meus colegas mostraram que de fato é possível que possa haver esclarecimento adicionais", garantiu a mandatária em coletiva de imprensa após dois dias de cúpula em Bruxelas, anunciando que haveria "negociações nos próximos dias.
Depois de superar uma moção de censura dentro do Partido Conservador, May viajou a Bruxelas em mais uma semana de drama no Brexit para pedir as garantias necessárias para evitar a rejeição do Parlamento britânico ao acordo de divórcio.
Apesar da vitória de May em Londres para evitar a moção de censura, a rejeição em Westminster ao acordo de divórcio ainda é possível, especialmente por conta do mecanismo de último recurso acordado para evitar uma fronteira de bens entre Irlanda e Irlanda do Norte, conhecido como 'backstop'.
Os partidários do Brexit temem que país fique atrelado a um "território alfandegário comum" com a UE e nunca recupere sua liberdade comercial, caso o mecanismo entre em vigor pela falta de uma alternativa melhor nas negociações da futura relação comercial.
Em um gesto a Theresa May, os 27 prometeram nesta quinta-feira trabalhar com rapidez em um acordo durante o período de transição para evitar a entrada em vigor do 'backstop' e que, caso seja utilizado, um "empenho máximo" para substituí-lo por outro pacto.
Os sócios europeus decidiram, no entanto, retirar da declaração um parágrafo sobre a disposição de conceder novas garantias, ante a "confusão" das palavras da 'premier' em seu discurso da véspera, afirmou à AFP uma fonte diplomática.
- 'Problema' em Westminster -A inquilina do número 10 da Downing Street defendeu nesta sexta-feira a declaração dos 27, que ressalta que o "backstop" será aplicado "apenas temporariamente", e defendeu seu "valor jurídico" por ser a conclusão de uma cúpula.
Suas palavras tentam convencer um Parlamento britânico hostil ao acordo Brexit, embora o partido sindicalista DUP, do qual ela depende para ter maioria na Câmara, tenha criticado a resposta da UE e pediu para May "confrontar" o bloco.
"A primeira-ministra prometeu mudanças juridicamente vinculantes", disse sua líder, Arlene Foster, que lembrou que o acordo, que o bloco se recusou a reabrir, não tem o apoio do Parlamento britânico.
A chave para conseguir o primeiro acordo de divórcio de um país em seis décadas de projeto europeu está de fato entre os muros deste palácio de estilo neogótico, sede do Parlamento britânico às margens do Tâmisa.
"O fato é que, por razões políticas internas no Reino Unido, algumas pessoas tentam colocar em perigo a futura relação com a UE", afirmou o primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, para quem o problema está nos deputados britânicos.
- Cúpula em janeiro? -Diante de uma possível derrota, May adiou a votação, prevista para terça-feira passada, para janeiro (dia 21 no mais tardar) e iniciou uma ofensiva diplomática para tentar obter as "garantias corretas" dos sócios europeus de que o 'backstop' não será utilizado.
O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, que detém a presidência pro tempore da UE, abriu as portas para uma nova "discussão comum em janeiro" se a votação não for realizada na Câmara dos Comuns ou se seu resultado não for positivo.
"Politicamente, a bola está no campo britânico", disse o primeiro-ministro belga, Charles Michel, dizendo que "não foi decidido realizar uma reunião excepcional [dos presidentes] em janeiro".
Theresa May enfrenta críticas constantes à sua estratégia no Brexit tanto do grupo anti-UE, quanto da oposição trabalhista.
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