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Wall Street volta à montanha-russa

27/12/2018 16h25

Nova York, 27 dez 2018 (AFP) - Após ter navegado durante muito tempo nas águas tranquilas e prósperas, a Bolsa de Nova York se deparou, repentinamente, em 2018, com uma turbulência que desestabilizou os investidores, já desacostumados à volatilidade.

Em seis ocasiões neste ano, o índice do mercado de ações considerado mais representativo pelos corretores, o S&P 500, flutuou mais de 4% na mesma sessão, o que não acontecia desde 2011.

Ele acabou de ter sua pior sessão registrada em uma véspera de Natal (-2,71%), seguida por seu melhor sessão desde 2009 (+ 4,96%).

Wall Street também foi afetado em fevereiro por uma forte turbulência que afetou quem tinha apostado na persistência de baixa volatilidade, um mercado até então florescente, já que seu índice representativo, o VIX, tinha permanecido quase imóvel desde meados de 2015.

No entanto, muitos observadores de longa data argumentam que esta maior volatilidade é apenas uma volta ao normal após dois anos particularmente calmos.

O número de sessões com registro de amplitude de pelo menos 2% certamente aumentou em média neste ano (37) e ficou acima da média desde 2009 (32). Contudo, continua abaixo da média históricas (43,4 desde 1962), afirma Howard Silverblatt, especialista em índices acionários da S&P Dow Jones Indices.

- Corretagem automatizada -A perplexidade sobre a política monetária do banco central americano, a preocupação desencadeada pela guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, a consternação diante das decisões e discursos inoportunos do presidente Donald Trump e os receios de uma desaceleração do crescimento mundial: não faltam fontes de incerteza.

Mas, ao mesmo tempo, os americanos continuam consumindo maciçamente, e as estatísticas de emprego são boas.

"O mercado está em um mecanismo de reajuste permanente e leva em conta todas as informações à sua disposição", lembra Quincy Krosby, responsável pela estratégia de mercado da empresa especializada Prudential Financial.

"Por vários meses, a questão foi se os preços das ações não estão muito altos em comparação com os resultados das empresas esperados para 2019", diz ele. "O crescimento vai desacelerar ou estagnar completamente?", questiona. O mercado vacila, fazendo com que os índices caiam drasticamente.

As flutuações são amplificadas em certa medida pelo aumento da intermediação automatizada, uma vez que alguns fundos são programados para incorporar quase instantaneamente os novos elementos que podem influenciar o curso de uma ação ou seguir a tendência.

- Antecipação de crise -Pode surpreender o fato de o mercado de ações cair enquanto a economia vai muito bem e as empresas cotadas na bolsa devem registrar seu maior aumento de lucros desde 2010 (+20,3% segundo a Factset).

Mas os próximos meses serão mais confusos.

"Em geral, os economistas têm visibilidade apenas nos próximos 10 a 12 meses, e o mercado de ações começa a cair seis meses antes de uma recessão", explica Frances McDonald, estrategista macroeconômico em gestão de ativos da Manuvie.

"Mas já sabemos que três elementos terão um impacto em 2020: o endurecimento da política monetária do Fed, que geralmente leve de um ano e meio a dois anos para realmente transmitir seus efeitos à economia, o fim do impacto positivo da reforma fiscal e os efeitos da guerra comercial", acrescentou.

Esta previsão de um período difícil cria volatilidade. Mas "a volatilidade é uma oportunidade", aponta o especialista.

jum/alb/llu/gv/ll/mvv

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