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Coreia do Norte registra menor produção de alimentos em mais de 10 anos

06/03/2019 09h45

Seul, 6 Mar 2019 (AFP) - A Coreia do Norte registrou no ano passado o pior nível de colheita em mais de 10 anos, anunciou a ONU, em consequência de uma combinação de desastres naturais, falta de terra cultivável e ineficácia da agricultura

O país isolado, alvo de severas sanções da comunidade internacional por seus programas nuclear e balístico, sofre uma escassez alimentar crônica.

A colheita de 2018 foi de apenas 4,95 milhões de toneladas, uma queda de 500.000 toneladas, informa o relatório "Necessidades e prioridades" das Nações Unidas.

"Foi a menor produção em mais de uma década", afirmou em um comunicado Tapan Mishra, coordenador residente na Coreia do Norte.

"O resultado foi uma significativa brecha alimentar", completou.

Como consequência da redução das colheitas, 10,9 milhões de pessoas (43% da população) precisam de ajuda humanitária no Norte, 600.000 a mais que no ano anterior, o que pode aumentar os casos de desnutrição e doenças.

Apesar do aumento do número de pessoas que precisam de ajuda, a ONU teve que reduzir o objetivo de destinatários de assistência de 6 milhões a 3,8 milhões pela falta de financiamento, que ficou muito longe das necessidades declaradas pelas Nações Unidas.

No ano passado, apenas 24% dos fundos solicitados foram arrecadados, o que Mishra chamou de "um dos planos com menor financiamento no mundo".

Várias agências foram obrigadas a reduzir seus programas e algumas encerraram projetos, de acordo com o coordenador residente, que fez um apelo aos doadores para que "não deixem que as considerações políticas prejudiquem a cobertura da assistência humanitária".

"O custo humano de nossa incapacidade para responder não é mensurável", disse, antes de destacar que as sanções provocaram atrasos e desafios para os programas humanitários, apesar da isenção de penas para tais programas pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

O empobrecido Norte é criticado com frequência pela comunidade internacional por dar prioridade à questão militar e a seu programa de armas nucleares, ao invés de tratar corretamente sua população, um desequilíbrio que, segundo alguns, é ampliado pelos programas de ajuda humanitária da ONU.

Antes da reunião da semana passada em Hanói com o dirigente norte-coreano, Kim Jong Un, o presidente americano, Donald Trump, afirmou em diversas ocasiões que a Coreia do Norte poderia viar uma grande potência econômica se renunciasse a seus arsenais nuclear e balístico. Mas a perspectiva não ajudou os dois governantes a alcançar um acordo.

O Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington, afirmou, com bases em imagens obtidas por satélites, que há sinais de atividades "evidentes" em uma área de testes de mísseis de longo alcance, o que permite pensar que Pyongyang poderia efetivar uma "reconstrução rápida" após o fracasso da cúpula de Hanói.