Economia da China volta a crescer após crise do coronavírus
Pequim, 16 Jul 2020 (AFP) - O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 3,2% no segundo trimestre, depois de registrar o pior resultado histórico no início do ano, quando a pandemia do novo coronavírus paralisou a economia do país.
Os dados do crescimento entre abril e junho, às vezes questionados, foram anunciados nesta quinta-feira pelo Escritório Nacional de Estatísticas (BNS).
O dado superou as previsões de um grupo de analistas consultados pela AFP (+1,3%).
A China, onde o vírus foi detectado em dezembro, antes da propagação para o resto do mundo, foi o primeiro país a retomar as atividades e pode ser um indicativo da esperada recuperação da economia mundial.
O ritmo de crescimento trimestral, no entanto, continua longe do nível registrado no conjunto de 2019 (+6,1%), que foi o pior resultado histórico do país.
O resultado é muito melhor que o do primeiro trimestre (-6,8%), quando a epidemia de COVID-19 paralisava o país.
As Bolsas de Xangai e Hong Kong, porém, fecharam a quinta-feira em baixa.
"O mercado provavelmente não acredita nos dados do PIB no segundo trimestre", afirmou a economista Iris Pang, do banco ING, para quem as estatísticas oficiais são "muito bonitas para ser autênticas".
No conjunto do primeiro semestre, a economia chinesa enfrenta "graves desafios provocados pela COVID-19", tanto no país como no exterior, afirmou a porta-voz do BNS, Liu Aihua, ao destacar que a atividade permanece "sob pressão".
As vendas no varejo, principal índice de consumo, voltaram a cair em junho em ritmo anual (-1,8%).
A queda não foi tão expressiva como a do mês anterior (-2,8%), mas o número é pior que as previsões dos analistas,, que projetavam em média +0,5%.
A produção manufatureira conseguiu no mês passado o melhor resultado em 2020, com um avanço de 4,8% em ritmo anual.
O setor de exportação, um pilar da economia chinesa, continua particularmente vulnerável porque os sócios comerciais da China ainda sofrem as consequências do vírus.
No que diz respeito ao investimento em capital fixo, nos seis primeiros meses do ano a contração foi de 3,1%.
A retomada da economia se deve "tanto ao êxito (do país) na gestão do vírus como à política de apoio do governo", afirma a agência de classificação financeira Fitch.
Apesar da detecção de um novo foco de COVID-19 no mês passado em Pequim, nesta quinta-feira o país registrou apenas um caso da doença.
Para apoiar a economia, a China permitirá que seu déficit alcance este ano 3,6% do PIB (contra 2,8% ano passado).
Várias províncias e administrações locais anunciaram programas para estimular o consumo, com bônus de compra ou descontos.
Em junho, a taxa de desemprego foi de 5,7%, contra 5,9% em maio. Em fevereiro o país registrou o recorde absoluto (6,2%).
O dado, porém, reflete apenas a situação dos habitantes das grandes cidades e deixa de fora milhões de trabalhadores migrantes do campo que sofrem os efeitos da crise.
lld-sbr/mp/pc/zm/fp
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