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Boeing cortará 7 mil empregos até 2022; CEO culpa "pressão" de pandemia

Boeing - GettyImages
Boeing Imagem: GettyImages

Da AFP, em Nova York (EUA)

28/10/2020 19h32

A Boeing, sob pressão da pandemia e da crise do 737 MAX, anunciou hoje que cortará mais 7.000 empregos até 2022, ajustando o número de empregados em 130 mil —30 mil a menos que no início do ano.

O grupo, que não prevê nova redução na produção de aeronaves, viu o seu volume de negócios cair 29% e registrou perdas de US$ 449 milhões (ou R$ 2,5 bilhões, na cotação atual) no terceiro trimestre deste ano.

A empresa anunciou no segundo trimestre, logo após o início da expansão em grande escala da covid-19, um corte de 10% no seu quadro de funcionários, cerca de 19 mil empregos. Ao mesmo tempo, cerca de 3 mil pessoas foram contratadas para sua divisão de defesa.

O CEO Dave Calhoun alertou em julho que novos cortes eram esperados.

Calhoun destacou em uma carta aos funcionários nesta quarta-feira que ele deseja priorizar demissões voluntárias e aposentadorias antecipadas "para limitar o impacto sobre os funcionários e a empresa".

"A pandemia global continua pressionando nossos negócios neste trimestre e estamos nos alinhando a essa nova realidade, gerenciando rigidamente nosso fluxo de caixa e transformando nossos negócios para serem mais nítidos, resilientes e sustentáveis no longo prazo", detalhou na declaração de resultados.

"Não há nenhuma dúvida de que a segunda onda [de covid-19], que afeta os Estados Unidos e a Europa pesa muito", destacou Calhoun na carta.

As companhias aéreas pensavam inicialmente que o tráfego aéreo seria retomado no fim do ano 40% ou 50% do que era em 2019. "Penso que estaremos mais perto de 30% a 35%", vaticinou.

Devido a este impacto no tráfego aéreo, as companhias aéreas multiplicam os cancelamentos de pedidos de compra. A Boeing entregou apenas 28 aeronaves durante o trimestre, fazendo com que a receita da divisão de aviação comercial caísse 55%, para US$ 3,6 bilhões (R$ 20,3 bilhões).

A situação financeira da empresa é complicada: usou US$ 4,8 bilhões (R$ 27 bilhões) de liquidez no terceiro trimestre e sua dívida chega a US$ 61 bilhões (R$ 344 bilhões), contra US$ 25 bilhões (141,1 bilhões) no mesmo período de 2019.

Enquanto isso, a Boeing continua aguardando autorização das autoridades para voltar a utilizar sua principal aeronave, a 737 MAX, que está em solo desde março de 2019, após dois acidentes que deixaram 346 mortos.

A empresa já realizou 1.400 voos de teste.

A Boeing também enfrentou um novo revés no terceiro trimestre com a identificação de defeitos de fabricação no avião de longo alcance 787 "Dreamliner", que adiou as entregas.

A empresa já reduziu o ritmo de produção de aviões e não prevê aprofundar a medida por enquanto. O ritmo de produção deverá alcançar seu nível mais baixo por volta de meados do ano que vem, disse Calhoun.

A divisão dedicada à defesa, espaço e segurança, por sua vez, reduziu sua receita em 2%, para US$ 6,8 bilhões (R$ 38,3 bilhões).

As vendas de serviços ao cliente, como manutenção de aeronaves, caíram 21%, a US$ 3,7 bilhões.(R$ 20,8 bilhões)

Estas duas divisões "continuam nos assegurando certa estabilidade, enquanto nos adaptamos e reconstruímos para quando a pandemia passar", acrescentou seu diretor-executivo.

A Boeing poderá responder a uma "recuperação sólida" do setor de aviação comercial graças a seu estoque importante de aviões prontos para entrega aos clientes, acrescentou.