As possíveis consequências mundiais da crise da Evergrande
Uma onda de choque ou um pequeno abalo na economia mundial? A suspensão de pagamentos do grupo imobiliário chinês Evergrande provoca perguntas sobre a saúde da economia internacional, que já enfrenta várias incertezas.
Desaceleração na China
Locomotiva do crescimento mundial, a China enfrenta problemas há vários meses, o que levou a OCDE a reduzir no início do mês as previsões de crescimento para o país este ano e em 2022, a 8,1% e 5,1% respectivamente, como o FMI já havia feito em outubro.
Além das dificuldades do setor imobiliário, que representa 25% de seu PIB, a China enfrenta o impacto da pandemia e as atuais dificuldades de abastecimento da cadeia de produção mundial.
No setor de construção, "os acontecimentos recentes evidenciaram os riscos persistentes no mercado imobiliário chinês, com potenciais efeitos importantes entre setores e além das fronteiras", advertiu a OCDE, que destacou "o enfraquecimento do investimento imobiliário, um importante motor de crescimento".
Alguns números vinculados a Evergrande provocam dores de cabeça: 300 bilhões de dólares de dívida, 200.000 funcionários, suspensão de pagamentos de 1,2 bilhão de dólares, de acordo com uma informação divulgada na quinta-feira pela agência de classificação Fitch.
Risco de contágio ainda limitado
Em seu relatório sobre a estabilidade financeira publicado em novembro, o Federal Reserve (Fed) americano expressou inquietação ante os riscos de contágio da crise da Evergrande para a economia mundial.
A economia é ameaçada por uma possível desaceleração da recuperação, afetada pela inflação elevada e a situação sanitária imprevisível.
Mas até o momento a economia mundial parece a salvo de um efeito dominó e de uma grande crise.
"A desaceleração do setor imobiliário na China será importante, mas contida, devido ao reduzido nível de imóveis não vendidos, à possibilidade de flexibilização das políticas públicas, da urbanização e do crescimento significativo da receita", afirmou a consultoria Oxford Economics, em suas projeções econômicas de novembro.
Um dos fatores cruciais é o envolvimento das autoridades chinesas, cujas regulamentações para sanear este setor muito endividado aprofundaram a crise de várias empresas.
Na segunda-feira, o Banco Central reduziu as taxas de reservas obrigatórias dos bancos e o gabinete político do Partido Comunista afirmou seu apoio ao setor imobiliário.
"A pressão a respeito de uma desaceleração na China é muito grande. Não seria racional adotar obrigações muito fortes de desalavancagem no setor", declarou Xiaodong Bao, gerente da Edmont de Rothschild AM.
Economista especializada na região Ásia-Pacífico para a empresa Euler Hermes, Françoise Huang antecipa que "nos arriscamos a continuar registrando falências, mas seu impacto deve ser contido para que a desaceleração econômica chinesa não seja excessivamente inquietante para o resto do mundo".
Algumas medidas de apaziguamento adotadas pelas autoridades chinesas desde outubro tiveram, segundo ela, um efeito positivo nos empréstimos concedidos pelos bancos e nas vendas de imóveis, assim como nos níveis das taxas de juros.
Os mercados financeiros mundiais ficaram relativamente a salvo após o anúncio da suspensão de pagamentos da Evergrande e, em geral, se viram pouco abalados pela crise do grupo imobiliário.
A taxa de juros sobre a dívida chinesa de risco, porém, acelerou nas últimas semanas.
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