Fed ataca inflação dos EUA com nova alta robusta dos juros
Em guerra contra a inflação, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) anunciou nesta quarta-feira (21) um novo aumento de 0,75 ponto percentual dos juros de referência, e advertiu que agora espera que o crescimento da maior economia mundial seja de quase zero em 2022.
As taxas básicas de juros do Fed se situam agora entre 3% e 3,25%, anunciou a instituição em nota à imprensa.
Esta é a terceira vez consecutiva, desde março, que o Fed eleva as taxas nesta proporção, em sua luta contínua para baixar uma inflação que atingiu cifras recorde em 40 anos.
Além disso, o Fed estima que serão necessários novos aumentos dos juros este ano, segundo o comunicado, até que a taxa de juros oficial suba mais um ponto percentual.
O Fed está "firmemente comprometido em conseguir que a inflação volte a 2% e continuará assim até que o trabalho esteja concluído", afirmou o presidente do Fed, Jerome Powell, em coletiva de imprensa posterior à divulgação do comunicado.
Ele alertou, inclusive, que uma "flexibilização prematura da política" monetária implica riscos.
A elevação das taxas de referência aumenta automaticamente os juros dos empréstimos a pessoas físicas e jurídicas. O objetivo é frear a atividade econômica e, assim, aliviar a pressão sobre os preços.
"Temos que reajustar oferta e demanda. E nossa forma de fazê-lo é frear a economia", explicou Powell.
Os juros dos empréstimos imobiliários, por exemplo, subiram desde o começo do ano e acabam de passar dos 6% para créditos a 30 anos pela primeira vez desde 2008. Isto faz caírem as vendas em um setor que gozava de excelente saúde desde o início da pandemia.
- Menos inflação em 2023 -
A reunião do comitê de política monetária (FOMC) aproveitou para atualizar suas previsões econômicas. Agora, prevê um crescimento quase nulo do PIB em 2022, enquanto em junho prospectava +1,7%.
Depois, prevê um repique de até 1,2% em 2023, embora não tão forte quanto o crescimento de 1,7% que previa em junho para o próximo ano.
As previsões de inflação se mantêm perto do esperado em junho: 5,4% em 2022 (frente a 5,2%) para a inflação PCE, antes de desacelerarem fortemente em 2023 para 2,8% (frente a 2,6% anteriormente).
O Fed privilegia o índice de inflação PCE, que se situou em 6,3% interanual em julho, segundo o último dado disponível, frente ao índice IPC, usado como referência para indexar especialmente as pensões.
Embora o aumento dos preços tenha desacelerado em agosto, graças à queda dos preços da gasolina, ainda persiste uma pressão muito forte, com uma inflação de 8,3% interanual em agosto.
- Não há remédio indolor -
Mas esta desaceleração voluntária da economia é muito delicada, pois sendo excessiva, poderia mergulhar os Estados Unidos em uma recessão que já assombra toda a economia mundial.
O mercado de trabalho dos Estados Unidos goza de boa saúde, mas Powell disse que devolver a inflação a níveis mais aceitáveis terá um impacto no desemprego e na economia em geral.
"Se quisermos voltar a um período de mercado de trabalho muito forte, temos que deixar a inflação para trás. Seria bom que houvesse uma forma indolor de fazê-lo, mas não há", disse Powell.
O desemprego está em um dos níveis mais baixos nos últimos 50 anos e não há mão de obra suficiente para todas as vagas disponíveis.
Pelo aumento dos juros, estima-se que o desemprego, atualmente em 3,7%, cresça muito sutilmente para 3,8% em 2022, perto dos 3,7% previstos anteriormente, antes de alcançar 4,4% em 2023 (frente aos 3,9% previstos em junho).
O Fed reforçou que baixar a inflação é sua prioridade e permitir que se consolide exigiria medidas ainda mais dolorosas para as famílias e as empresas, como aconteceu há 40 anos, após anos de aumentos dos preços, que beiravam os 15%.
O banco central americano, assim como seus similares em todo o mundo, tenta frear a inflação causada pelas interrupções da cadeia de abastecimento relacionadas com a covid-19, e exacerbada pelo aumento dos preços da energia e dos alimentos devido à guerra na Ucrânia.
Vários bancos centrais deliberam esta semana, entre eles o BC do Brasil, o Banco da Inglaterra e o Banco do Japão, na quinta-feira. Na terça, o Riksbank da Suécia surpreendeu a todos com um inédito aumento de um ponto.
No começo deste mês, o Banco Central Europeu (BCE) elevou as taxas de juros em um nível sem precedentes de 0,75 ponto percentual.
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© Agence France-Presse
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