Inflação persiste nos EUA, uma má notícia para Joe Biden
A inflação se mantém firme nos Estados Unidos, segundo dados de setembro, apesar dos aumentos das taxas básicas de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) para controlá-la, uma notícia que afeta o presidente Joe Biden, com vistas às eleições de meio de mandato em novembro.
Os preços aumentaram 8,2% em 12 meses até setembro, segundo o índice de preços ao consumo, CPI, publicado nesta quinta-feira (13) pelo Departamento do Trabalho. O número registra uma moderação sutil frente aos 8,3% do mês passado, mas se situa acima dos 8,1% que os analistas esperavam.
O relatório foi suficiente para que Wall Street operasse no vermelho, embora os índices tenham se recuperado vigorosamente durante o dia, com o Dow Jones fechando em alta de 2,83%; o índice tecnológico Nasdaq subindo 2,23% e o S&P 500 registrando +2,60%.
Os dados abrem a porta a aumentos mais agressivos das taxas básicas de juros pelo Fed, decidido a conter a inflação às custas de esfriar a economia e, em particular, o mercado de trabalho, muito sólido e resistente.
- Recorde atrás de recorde -
Foi, sobretudo, o aumento de preços mês a mês que mostrou a tenacidade da inflação: a alta voltou a superar a medição do período anterior, com +0,4% entre agosto e setembro frente a um modesto +0,1% entre julho e agosto. Os analistas anteciparam alta de 0,3%.
A alta dos preços dos aluguéis, alimentos e cuidados médicos "foram os principais fatores que contribuíram para o aumento mensal", destacou o Departamento do Trabalho em um comunicado.
Os preços da gasolina nos postos caíram, enquanto isso, 4,9%, mantendo a tendência de queda depois de dispararem após o início da guerra na Ucrânia.
A inflação subjacente, que exclui os preços mais voláteis de alimentação e energia, permaneceu estável entre agosto e setembro, a 0,6%, mas na medição a 12 meses subiu 6,6%.
Trata-se de um "novo máximo em mais de 40 anos" para a inflação subjacente, afirma Rubeela Farooqi, economista-chefe do HFE. Os preços "surpreenderam" em setembro, admitiu.
A inflação geral, enquanto isso, moderou-se desde o pico em junho, quando em um ano os preços subiram 9,1%, percentual máximo desde 1981.
- Golpe para Biden -
O presidente Joe Biden destacou "alguns avanços na luta" contra este flagelo que afeta o poder de compra dos americanos, mas admitiu que "os preços ainda são altos demais", em um comunicado após o decepcionante relatório do índice dos preços ao consumidor.
"Temos mais trabalho a fazer", afirmou há menos de um mês das eleições de meio de mandato nas quais seu Partido Democrata disputa o controle do Congresso.
Em seguida, à tarde, anunciou que "na próxima semana" tomaria decisões sobre os preços da gasolina, "altos demais".
"A redução da inflação é a prioridade econômica número um do presidente", enfatizou a secretária do Tesouro, Janet Yellen, em Washington.
Há alguns dias, Biden admitiu ser "possível" que os Estados Unidos entrem em uma "recessão muito leve".
De fato, o Fed considera que será necessário um período de crescimento mais fraco e um mercado de trabalho menos pujante para conter a inflação, "generalizada" e em níveis "inaceitáveis".
A inflação alta "não respondeu" ainda aos aumentos de taxas de juros, afirmaram os dirigentes do Fed em sua última reunião de política monetária no mês passado, segundo trechos das atas da reunião, publicadas na quarta-feira.
A prioridade continua sendo a inflação e o ajuste da política monetária deve continuar para contê-la, "apesar de uma queda do mercado de trabalho", que poderia ocorrer, afirmaram.
Alguns dirigentes do Fed destacaram, no entanto, que "considerando o ambiente econômico e financeiro mundial muito incerto, seria importante calibrar o ritmo de um novo ajuste monetário", para "atenuar o risco de efeitos adversos significativos sobre as perspectivas econômicas".
O Fed mantém agora suas taxas entre 3% e 3,25%.
- Fenômeno mundial -
A inflação se tornou um flagelo mundial e uma prioridade econômica dos governos em todo o planeta.
O problema afeta em particular os países pobres e em desenvolvimento. Os efeitos da guerra na Ucrânia sobre os preços da energia e da alimentação se somaram às dificuldades provocadas pela pandemia nos países de baixa renda.
O FMI revisou para cima suas previsões globais de inflação para 2022 e 2023, e antecipa médias de 8,8% e 6,5%, segundo seu último boletim de previsões, publicados nesta quinta-feira.
jul/er/mr/dg/mr/mvv
© Agence France-Presse
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.