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"Precipitada", "acertada": entidades divergem sobre decisão de aumentar taxa de juros

Entidades divergiram sobre alta dos juros - REUTERS/Adriano Machado
Entidades divergiram sobre alta dos juros Imagem: REUTERS/Adriano Machado

18/03/2021 09h47

A primeira elevação da taxa Selic (juros básicos da economia) em quase seis anos dividiu o setor produtivo. A indústria considerou precipitada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reajustar a Selic de 2% para 2,75% ao ano. Entidades ligadas ao comércio, no entanto, elogiaram o reajuste, citando a necessidade de conter a alta do dólar.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou a decisão de apressada. Segundo a entidade, o recrudescimento da pandemia de covid-19 reduzirá o crescimento da demanda neste ano, diminuindo o ritmo de elevação nos preços de bens e de serviços. Para o setor industrial, seria mais prudente esperar para avaliar o comportamento da inflação nos próximos meses, em vez de elevar os juros básicos e encarecer o crédito num momento em que empresas e consumidores tendem a se endividar.

"Consideramos que a decisão de aumento da taxa Selic deveria ter sido postergada até que os efeitos das medidas de isolamento sobre a demanda e, consequentemente, sobre a trajetória da inflação pudessem ser avaliados", afirmou em comunicado, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

ACSP

Em nota, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) destacou que o aumento nos juros serve como um recado para o governo promover ajustes fiscais urgentes. Para a entidade, o BC acertou ao elevar os juros, por causa da necessidade de conter a inflação, mesmo com a atividade econômica ainda muito fraca.

Segundo a ACSP, o agravamento da pandemia e das medidas restritivas deve enfraquecer ainda mais o consumo das famílias. No entanto, a autoridade monetária precisa restabelecer a confiança de que o impacto da alta do dólar sobre os preços é temporário.

"Podemos entender que o comitê quis mandar uma mensagem ao Congresso e ao Executivo sobre a necessidade e urgência de medidas de ajuste fiscal mais efetivas. Apenas com o restabelecimento da confiança na área fiscal será possível reverter a desvalorização cambial que se constitui em um dos responsáveis pela elevação dos preços. Esperamos que essa sinalização atinja seus objetivos, permitindo que as altas da Selic possam ser interrompidas ou, pelo menos, moderadas nas próximas reuniões", diz Marcel Solimeo, economista da ACSP.

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