Incerteza política faz OCDE triplicar projeção de queda de PIB do Brasil em 2015
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou nesta quarta-feira (16) uma previsão ainda mais pessimista do que tinha feito há três meses para o desempenho do PIB do Brasil em 2105.
Segundo o órgão, a economia brasileira encolherá 2,8% em 2015, quase quatro vezes mais do que o estimado em junho (0,8%). Entre os países analisados, a queda do PIB em 2015 só será maior na Rússia (de -3%).
Embate
As razões para um prognóstico ainda mais pessimista estão no fato de que as estatísticas oficiais do governo brasileiro para o segundo trimestre foram piores que as projetadas inicialmente - houve recuo de 1,9% entre abril e junho -, mas também passam pelo recente rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência Standard & Poor's, que na semana passada retirou do Brasil o status de bom pagador.
"O desempenho real da economia brasileira no segundo trimestre foi mais negativo do que havíamos previsto e por isso houve um ajuste mecânico de nossos prognósticos. Mas a perda do grau de investimento também teve que ser levada em consideração, porque os títulos de dívidas brasileiros já estão sofrendo", explicou à BBC Brasil o economista sênior da OCDE Jens Arnold.
"Levamos também em conta o clima de crescente incerteza política no Brasil e as mais recentes alegações envolvendo o escândalo de corrupção na Petrobras", acrescentou.
A OCDE se preocupa especificamente com a paralisação que os embates entre o Executivo e o Legislativo poderão causar na agenda de reformas econômicas, em especial o ajuste fiscal.
"A instabilidade compromete a habilidade do Brasil para implementar reformas que consideramos importantes para que a economia volte a crescer e que passe confiança ao mercado. O Brasil precisa de investimentos para realizar projetos de infraestrutura e acaba de ter sua nota rebaixada por uma agência de classificação de risco", acrescenta Arnold.
Em sua análise mais geral da economia mundial, a OCDE prevê ainda mais problemas para o Brasil em função da desaceleração econômica da China, fator-chave para a revisão do crescimento da economia mundial feita pelo órgão: encolhimento de 3% este ano.
Para 2016, a OCDE também revisou para baixo as estimativas de crescimento para o Brasil: a economia deverá encolher 0,7%, ao passo que em junho a OCDE tinha projetado crescimento de 1,1%.
"Não há sinais, pelo menos por enquanto, de que o Brasil possa a voltar a registrar crescimento positivo antes de 2017", afirma o economista.
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