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Canal de Suez: números para entender o tamanho da crise após navio encalhado

14 rebocadores trabalharam no desencalhe do Ever Given - AFP
14 rebocadores trabalharam no desencalhe do Ever Given Imagem: AFP

Mary-Ann Russon - BBC News

30/03/2021 09h22

Um enorme navio com contêineres que estava preso no Canal de Suez desde terça-feira (23) foi finalmente liberado.

Peter Berdowski, presidente-executivo da empresa holandesa de salvamento Boskalis, disse que o Ever Given voltou a flutuar na segunda-feira (29/3), "tornando assim possível a passagem livre pelo Canal de Suez novamente".

Mas ainda não está claro quando o tráfego no canal será 100% normalizado.

Conheça a seguir alguns números-chave que ajudam a entender por que o bloqueio causou tanta dor de cabeça para a indústria de navegação mundial.

O navio

O Ever Given é um dos maiores navios porta-contêineres do mundo. Tem 400 metros de comprimento e pesa 219 mil toneladas.

O navio pode transportar até 20 mil contêineres. No momento do acidente, levava pouco mais de 18 mil.

O cargueiro foi construído em 2018 e é operado pela empresa de transporte taiwanesa Evergreen Marine.

A importância do canal

O bloqueio do Canal de Suez não afeta apenas a indústria de transporte marítimo global, mas inúmeros outros negócios e até mesmo economias nacionais.

Cerca de 12% do comércio global, aproximadamente 1 milhão de barris de petróleo e em torno de 8% do gás natural liquefeito passam pelo canal todos os dias.

Antes da pandemia, o comércio pelo Canal de Suez contribuía com 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Egito, de acordo com a agência Moody's.

O clima no momento do acidente

O Ever Given encalhou depois de alojar-se lateralmente ao longo do rio. No início, uma rajada de vento foi considerada a culpada. A velocidade do vento na época foi registrada em 40 nós.

Mas a Autoridade do Canal de Suez (ACS) disse a repórteres que essa não foi a única razão para o navio encalhar. Uma investigação seria necessária para determinar se ocorreram erros técnicos ou humanos.

O congestionamento de navios

O episódio criou um engarrafamento de navios no Canal de Suez. No domingo, véspera da liberação, havia 369 embarcações presas no congestionamento, esperando por solução em ambos os lados do bloqueio.

A rota alternativa

Alguns navios foram redirecionados, para evitar o bloqueio do Canal de Suez. Isso adiciona cerca de 6,5 mil km e oito dias ao total da viagem

Os esforços para desencalhar o Ever Given

No fim de semana, 14 rebocadores puxaram e empurraram o Ever Given na maré alta para tentar desencalhá-lo e foram capazes de mover o navio "30 graus da esquerda para a direita".

Então, na manhã de segunda-feira, após vários relatos de que o navio havia voltado a flutuar parcialmente, a ACS emitiu um comunicado dizendo que o Ever Given havia sido "refloteado com sucesso".

O ACS informou que as manobras continuariam para permitir "a restauração total da direção da embarcação para que fique posicionada no meio da hidrovia navegável".

Então, depois de algumas horas, o Ever Given foi finalmente liberado por completo.

A fila de espera

Deve levar algum tempo para zerar o acúmulo de navios que esperam para usar o canal.

Richard Mead, editor-chefe do jornal de navegação Lloyd's List, disse à BBC: "Há cerca de 450 navios ainda esperando para transitar pelo canal. Será um processo demorado".

O custo do bloqueio

Os verdadeiros danos e custos são difíceis de avaliar até que o navio seja totalmente liberado e o comércio reiniciado. Mas algumas estimativas já têm sido divulgadas.

O presidente da ACS, Osama Rabie, disse que o prejuízo era de US$ 14 milhões a US$ 15 milhões (R$ 80 milhões a 86 milhões) por dia de bloqueio.

Por sua vez, dados da Lloyd's List indicam que o navio encalhado estava segurando cerca de US$ 9,6 bilhões em comércio ao longo da hidrovia a cada dia.

Isso equivale a US$ 400 milhões e 3,3 milhões de toneladas de carga por hora, ou US$ 6,7 milhões por minuto.

A seguradora alemã Allianz disse que o bloqueio poderia custar ao comércio global entre US$ 6 bilhões a US$ 10 bilhões por semana e reduzir o crescimento anual do comércio em 0,2 a 0,4 pontos percentuais.