Brasil pode tirar proveito da queda nas exportações de farelo de soja da Índia
(Bloomberg) -- O Brasil e a Argentina provavelmente exportarão mais farelo de soja para o Sudeste Asiático devido à queda nas vendas da Índia, o maior fornecedor da região, disse o Rabobank International.
As exportações da Índia deverão cair para 1,2 milhão de toneladas no período de 12 meses que começou em 1º de outubro e atingir níveis insignificantes até 2020 devido ao aumento da demanda doméstica e à estagnação da colheita, segundo Pawan Kumar, diretor de pesquisa e assessoria da divisão de alimentos e agronegócio do banco. Isso forçará os países vizinhos a recorrerem à oferta do Brasil, da Argentina e dos EUA, disse ele.
As aves são uma das principais proteínas de carne no Sudeste Asiático e a demanda local está crescendo devido ao aumento da renda, o que impulsiona o consumo de ração animal, como o farelo de soja. As importações da região mais do que dobraram em uma década, para 13,7 milhões de toneladas, em 2013-2014, e subirão para cerca de 20 milhões de toneladas em 2019-2020, disse Kumar. O crescimento da produção na região é limitado pela falta de novos terrenos e água, disse ele.
"A safra da Índia não é suficiente para atender o mercado doméstico e a exportação", disse Kumar em entrevista por telefone, na terça-feira.
A Indonésia provavelmente comprará 4,7 milhões de toneladas de farelo de soja em 2015-2016, seguida pelo Vietnã, com 4,3 milhões de toneladas, e da Tailândia, com 3 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês). Apenas a União Europeia importa mais.
Os contratos futuros de farelo de soja na Bolsa de Chicago caíram 40% nos últimos 12 meses, para US$ 302,10 por cada 2.000 libras-peso (907 quilos). Os preços desceram para US$ 296,30 em 1º de junho, nível mais baixo desde outubro. Em 2 de junho, as transportadoras ofereciam a ração por US$ 580 a tonelada no porto de Kandla, na região oeste da Índia, segundo a associação dos processadores.
Ração mais barata
A Argentina é a maior exportadora de farelo de soja do mundo e provavelmente embarcará 31 milhões de toneladas em 2015-2016, segundo o USDA. O Brasil é o segundo maior, com 14,5 milhões de toneladas, e os EUA são o terceiro, com 10,7 milhões de toneladas, segundo os dados do órgão norte-americano.
A Índia está perdendo clientes porque seu produto está com um preço mais elevado do que as tarifas globais devido ao status de safra não geneticamente modificada e à oferta menor, disse Kumar.
"O Irã, ou melhor, o Sudeste da Ásia é uma região na qual o consumidor não chegou ao nível de dar preferência a uma carne orgânica", disse ele. "Eles preferem uma carne mais barata".
As exportações da Índia deverão cair até 29% na safra 2014-2015, para 1,5 milhão de toneladas, contra 2,1 milhões de toneladas na temporada anterior, segundo a Associação de Processadores de Soja da Índia. Este seria o menor nível desde a safra 1992-1993, pelo menos, segundo os dados da associação.
A colheita da soja provavelmente totalizará 10 milhões a 12 milhões de toneladas por ano nos próximos cinco anos, rendendo cerca de 7 milhões de toneladas de ração, disse Kumar. A demanda doméstica da ração aumentou 12% ao ano na última década e poderá subir para 7 milhões de toneladas em 2019-2020, disse ele.
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