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Crise monetária da Grécia serve de impulso para bitcoin

Muhammad Darwish

08/07/2015 13h41

(Bloomberg Business) - Thanos Marinos está sentado em um café em uma praia de Atenas. Aos quarenta e poucos anos, o grego se gaba de ter sido, há um ano, a primeira pessoa a levar o bitcoin, uma moeda digital, a seu país com dificuldades financeiras.

"Naquela época, eu não achava que ela seria um caso de negócio", diz Marinos. "O principal motivo era gerar uma conscientização sobre o bitcoin e a tecnologia do blockchain na Grécia".

A demanda nunca esteve tão forte, diz ele, com uma alta de 500 por cento em quatro semanas.

No entanto, partindo de zero, nem sequer 500 por cento vai longe. A Grécia é um país com mais de 10 milhões de habitantes e uma média etária de 43,5 anos. Uma pesquisa rápida e informal com dez pessoas na rua mostrou que apenas duas tinham ouvido falar do bitcoin.

Sem cartão de crédito

Isso não dissuadiu outros de se unirem. Uma livraria em um subúrbio a noroeste de Atenas é a sede do único caixa eletrônico de bitcoins do país. Um homem está estocando. É Felix Weis, um programador de computadores que tirou um ano de licença para viajar pelo mundo com uma condição: ele só pode usar bitcoins, e dinheiro como último recurso.

"Eu preciso", diz Felix, porque "cortei meu cartão de crédito. Na Grécia, eu ofereço 30 por cento extra às pessoas para tentar convencê-las a começar a aceitar bitcoins porque realmente acredito neles".

Felix tem 27 anos e vem de Luxemburgo. Ele abandonou um programa de Ciências da Computação e Economia na Alemanha depois de apenas um ano.

"Programo desde pequeno. Eu não estava aprendendo nada novo. No que tange à economia, não achei que variáveis fundamentais estivessem corretas", disse ele. "Mas não para tudo".

Comunidade pequena

Ele também tem uma opinião sobre o que deveria acontecer na Grécia. "É difícil concorrer na zona do euro. Afinal, observe a Romênia. Em comparação com o que você vê em Atenas, eles estão se dando melhor, embora o salário mínimo seja mais baixo".

Tudo isso é explicado em uma corrida de táxi rumo a um dos poucos estabelecimentos na Grécia que aceitam bitcoins, um restaurante familiar de comida grega. Depois de insistir em rachar o táxi, não há alternativa exceto abrir uma conta e aceitar as 3,43 libras esterlinas.

O restaurante está fechado, mas isso não é problema para Felix. A comunidade de bitcoins é pequena e ele conhece Nikos Houtas, o filho do dono, que nos serve o ouzo e a salada. Tudo é pago sem uma moeda ou um cartão à vista.

Nos últimos 24 meses, quatro ou cinco clientes pagaram com bitcoins, segundo Houtas.

Para que essa alternativa seja viável, muitos outros terão que usar a moeda em breve. Título em inglês: 'Greece's Cash Crisis is Bitcoin's Boost'