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Brasil: Banco Central eleva taxa de juros em 0,5% dizendo que nível é suficiente para convergência da inflação

Mário Sérgio Lima e Arnaldo Galvão

30/07/2015 12h30

(Bloomberg) -- O Banco Central elevou a taxa básica Selic em 50 pontos-base pela sexta reunião seguida e sinalizou que os juros estão suficientemente altos para fazer a inflação cair e alcançar a meta.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, liderado pelo presidente Alexandre Tombini, elevou a taxa Selic para 14,25 por cento na última quarta-feira, conforme previsto por 50 dos 58 economistas consultados pela Bloomberg. O Copom mudou a linguagem do comunicado pela primeira vez neste ano acrescentando que "a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016".

O diretor de assuntos internacionais do BC, Tony Volpon, decidiu não participar da votação depois de fazer comentários públicos relacionados à sua intenção de continuar votando pelo aumento dos juros. Os outros oito membros do conselho votaram unanimemente a favor da taxa de 14,25 por cento.

Com a inflação acumulada em 12 meses acima de 9%, mais que o dobro do centro da meta, o Copom manteve o ritmo dos aumentos da Selic em razão de uma recessão iminente na maior economia da América Latina. Jankiel Santos, economista-chefe do banco de investimento BESI Brasil, disse que, por enquanto, o BC considera o aumento suficiente.

"O mais provável é o encerramento do ciclo de alta", disse ele.

Analistas do Barclays Plc concordaram, afirmando em uma nota que já não projetavam uma elevação da taxa na próxima reunião, em setembro. A ata da reunião do Copom que será divulgada na semana que vem, será fundamental para avaliar se o BC acredita que a recessão ajudará a inflação a cair em 2016, segundo o Barclays.

Dificuldades econômicas

Até esta altura do ano, as dificuldades econômicas do Brasil não detiveram os preços ao consumidor. Mesmo com o aumento do desemprego e a queda nos investimentos, a inflação até meados de julho subiu para 9,25 por cento.

Tombini prometeu diversas vezes que adotará medidas para reduzir os aumentos dos preços ao consumidor para 4,5 por cento em 2016. Os economistas consultados pelo BC projetam que ele não cumprirá a meta, mas estimam que a inflação cairá para 5,4 por cento no ano que vem, contra 9,23 por cento em 2015.

O Copom "se manterá nesse nível para que a inflação possa convergir", disse Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, por telefone.

Um fator que complica a situação da inflação é o real, que teve uma desvalorização de 20 por cento frente ao dólar neste ano devido à expectativa de que o Brasil entrará em recessão. O real mais fraco aumenta o preço das importações.

A Standard Poor's citou a dificuldade de crescimento da economia, na terça-feira, como uma das razões para reduzir para negativa a perspectiva para o rating do Brasil. A nova perspectiva aumenta o risco de o Brasil perder seu grau de investimento. Atualmente, a S&P classifica a dívida soberana do Brasil em um nível acima do grau especulativo.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, passou seus seis primeiros meses no cargo elevando tributos e cortando despesas para preservar o grau de investimento do Brasil. Na semana passada, ele admitiu que a crise econômica prejudicou a arrecadação e prometeu ampliar em R$ 8,6 bilhões (US$ 2,6 bilhões) os cortes de despesas orçamentárias neste ano. Levy anunciou que a meta de superávit primário de 2015 foi reduzida de 1,1% do PIB para 0,15%.

Título em inglês: Brazil Boosts Rate by Half-Point Saying Level Is High Enough

Para entrar em contato com os repórteres: Mário Sérgio Lima, na Redação de Brasília, mlima11@bloomberg.net; Arnaldo Galvão, na Redação de Brasília, agalvao1@bloomberg.net.