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Bomba norte-coreana influi pouco no mercado, focado na China

Heejin Kim

06/01/2016 14h36

(Bloomberg) -- Para os investidores que estão avaliando como o primeiro teste nuclear da Coreia do Norte em aproximadamente três anos afetará os mercados, a história sugere que não há motivo para vender.

Após as três detonações anteriores, em 2006, 2009 e 2013, os prejuízos nos mercados coreanos e em todo o mundo foram de curta duração ou inexistentes: os retornos médios de três meses das ações globais e dos bonds de yields altos superaram os 6 por cento. As ações asiáticas e o won coreano caíram na quarta-feira depois que o regime de Pyongyang disse que havia testado com sucesso uma bomba de hidrogênio, mas a maior parte dos declínios ocorreu antes da detonação.

Os gestores de ativos já tinham bastante com que se preocupar. A queda nas ações chinesas pegou os investidores de surpresa na segunda-feira, sacudindo-os na entrada do novo ano, enquanto a volatilidade nas ações globais e as moedas de alto rendimento subiram. O declínio do yuan, que atingiu o nível mais baixo em cinco anos, também pesou sobre o sentimento, enquanto as crescentes tensões entre a Arábia Saudita e o Irã aumentaram os riscos geopolíticos no Oriente Médio.

O teste nuclear "não terá um impacto de longo prazo", disse Hyun Choi, chefe de ações da Baring Asset Management Korea, em Seul, que supervisiona cerca de US$ 7,1 bilhões. "A situação com a Coreia do Norte é muito diferente dos anos 1990, quando as duas Coreias tinham relações hostis".

Altas no passado

A detonação desta quarta-feira veio após meses de calma na península. O norte-coreano Kim Jong Un informou em uma mensagem de ano-novo, na semana passada, sua promessa de trabalhar "ativamente" para melhorar os laços com o governo de Seul. Em agosto, os atritos militares com a Coreia do Sul atingiram o nível mais elevado desde 2013, mas diminuíram gradualmente depois que os países chegaram a um acordo, por meio de negociações maratônicas, para melhora das relações.

O Kospi, índice acionário de referência da Coreia do Sul, perdeu em média 0,4 por cento na primeira semana após os três testes nucleares anteriores, mas se recuperou em todas as oportunidades e posteriormente atingiu uma alta média de 5,2 por cento durante três meses.

O índice de ações internacionais MSCI All-Country World subiu em média 8 por cento ao longo desses períodos de três meses, enquanto o won teve uma valorização de cerca de 0,4 por cento e o índice do Bank of America Merrill Lynch para os bonds de yields altos ganhou 6,9 por cento. O ouro, muitas vezes visto como um porto seguro em épocas de risco geopolítico acentuado, caiu 2,4 por cento.

O índice acionário internacional MSCI caiu 2,2 por cento neste ano, enquanto o Kospi está em queda de 1,8 por cento e o won perdeu 2,1 por cento em relação ao dólar.

Pessimismo

As notícias do teste mais recente, detectado pelo Serviço Geológico dos EUA a princípio como um terremoto de magnitude 5,1, surgiram em meio a um recuo em relação a ativos de maior risco depois que a China estabeleceu sua taxa de referência para o yuan em um nível inesperadamente baixo.

Para Yoshihisa Okamoto, chefe de pesquisa acionária da Mizuho Asset Management em Tóquio, a detonação reforçou o pessimismo prevalecente nos mercados.

"Existe uma sensação de surpresa em relação ao motivo pelo qual eles decidiram realizar testes a essa altura", disse Okamoto. Os investidores estão se tornando "mais conscientes quanto aos riscos geopolíticos".

A reação nos mercados provavelmente continuará reduzida, a menos que haja sinais de que o regime de Kim Jong Un está perdendo poder, segundo Kiyoshi Ishigane, estrategista-chefe da Mitsubishi UFJ Kokusai Asset Management em Tóquio.

Este é o segundo teste nuclear desde que Kim Jong Un chegou ao poder, quatro anos atrás, e começou a consolidar seu controle por meio de expurgos e provocações, repelindo os esforços dos EUA e da China para retomar as negociações para desarmamento. As duas Coreias permanecem tecnicamente em guerra após o fim do conflito travado de 1950 a 1953 sem um tratado de paz.