IPCA
0,46 Jul.2024
Topo

Bolsas chinesas param e queda do yuan gera turbulência

Bloomberg News

07/01/2016 13h42

(Bloomberg) -- O pior começo de pregão dos mercados chineses em duas décadas não deu sinais de trégua depois que o banco central realizou o maior corte em sua taxa de referência para o yuan desde agosto. A medida desencadeou uma corrida para venda nas bolsas, o que levou ao fechamento antecipado do mercado de US$ 6,6 trilhões.

O índice CSI 300 da China caiu 7 por cento, gerando uma paralisação nas negociações pelo restante do dia após menos de 30 minutos do início do pregão e levando a uma reunião não programada no órgão regulador do mercado de títulos para avaliar a turbulência. O yuan onshore perdeu 0,5 por cento em relação ao dólar e atingiu a maior baixa em cinco anos, pois o Banco Popular da China reduziu sua taxa de referência pelo oitavo dia seguido e informou que as reservas internacionais diminuíram um recorde de US$ 108 bilhões em dezembro.

O yuan mais fraco respalda o setor de exportação do país, que está em queda, mas também aumenta os riscos para os chineses que tomam empréstimos em moeda estrangeira e eleva a especulação de que a desaceleração da maior economia da Ásia é mais profunda do que os dados oficiais sugerem. Uma desvalorização surpresa realizada em agosto abalou os mercados internacionais devido ao temor de que a decisão desencadearia uma guerra cambial e pioraria as pressões deflacionárias nos países desenvolvidos. Os contratos futuros do índice acionário dos EUA caíram com as commodities na quinta-feira e o investidor bilionário George Soros disse que a China está transferindo problemas para o restante do mundo.

"Isso é loucura", disse Chen Gang, diretor de investimentos da Shanghai Heqi Tongyi Asset Management Co., que gerencia cerca de 300 milhões de yuans (US$ 46 milhões). "Liquidamos todas as nossas posições nessa manhã" depois que as ações atingiram o nível de limite de perdas (stop loss), disse ele.

Circuit breakers

As bolsas de valores chinesas fecharam às 9h59, horário local, apenas 29 minutos após a abertura dos mercados, quando o CSI 300 ampliou sua queda neste ano para 12 por cento. As negociações ficaram interrompidas durante a metade desse período depois que uma queda de 5 por cento provocou uma suspensão, mais cedo. Os mercados da China normalmente funcionam das 9h30 às 15 horas, com um intervalo de 90 minutos no meio.

Os novos circuit breakers, que foram acionados também na segunda-feira, foram criticados pelos analistas porque aumentam as quedas, pois os investidores lutam para abandonar posições antes de ficarem presos nas paralisações. A autoridade monetária precisa "estudar gradualmente, ganhar experiência e ajustar" as regras, disse o porta-voz da Comissão Reguladora de Títulos da China (CSRC), Deng Ge, em um comunicado, na terça-feira.

Investidores assustados

A CSRC realizou uma reunião interna para discutir as condições de mercado e os circuit breakers, mas não chegou a uma decisão para uma ação de política monetária, segundo uma pessoa familiarizada com as discussões, que pediu anonimato porque não estava autorizada a falar publicamente. O órgão regulador não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário.

"Os circuit breakers não estão permitindo que as pessoas busquem uma posição racional de vantagem", disse Brett McGonegal, co-CEO da Reorient Group Ltd. em Hong Kong. "Uma vez que a paralisação de 5 por cento é levantada, o frenesi de venda já está à espera".

Os reguladores agiram para diminuir uma das preocupações dos investidores na quinta-feira, impondo um novo limite ao montante de ações que os grandes acionistas corporativos podem vender. Essa decisão foi tomada após a intervenção dos fundos do governo para respaldar as ações, na terça-feira, segundo pessoas informadas sobre o assunto.

Intervenção no mercado

As autoridades estão reduzindo os esforços a fim de permitir que os mercados tenham mais poder após o fim de três meses de relativa calma nos mercados acionários do país. As autoridades tomaram medidas extremas para respaldar as ações em meio a uma queda de US$ 5 trilhões no terceiro trimestre do ano passado, incluindo o pedido para que fundos estatais adquiram ações, a suspensão das aberturas de capital e a permissão para paralisações nas negociações, que congelaram centenas de ações listadas na China continental.

O yuan caía para 6,5889 por dólar às 17h02 pelo horário local em Xangai. A moeda subiu em relação aos declínios anteriores na negociação offshore, ganhando 0,3 por cento em Hong Kong.