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Renault planeja recall e upgrades para frear crise de emissões

David Whitehouse, Mark Deen e Naomi Kresge

19/01/2016 15h10

(Bloomberg) -- A Renault SA realizará o recall de 15.800 veículos e disponibilizará atualizações dos sistemas de emissões para cerca de 700.000 clientes com o objetivo de frear a crise que surgiu na semana passada com o temor de uma fraude equivalente à da Volkswagen.

A fabricante de veículos perdeu mais de 3 bilhões de euros (US$ 3,26 bilhões) em valor de mercado depois que veio à tona a informação de que investigadores antifraude do governo efetuaram buscas em três fábricas na França no dia 7 de janeiro. A investigação, iniciada após a fraude da Volkswagen nos testes de emissões de diesel, envolve a verificação de 100 veículos escolhidos aleatoriamente, incluindo 25 carros da Renault. A investigação da França faz parte de uma apuração intensificada à indústria automotiva em um momento em que a diferença entre os testes oficiais em laboratório e as emissões do mundo real está crescendo.

"Não estamos enganando", disse o diretor de competitividade da Renault, Thierry Bolloré, a repórteres, nesta terça-feira. "Estamos cumprindo as normas e não tentando enganar os consumidores".

A França está dando sequência à investigação, mas a Renault disse que os testes remanescentes não resultarão em mais recalls. No ano passado, a empresa vendeu cerca de 607.000 veículos na França, ou 22 por cento de suas vendas mundiais. As ações da Renault subiam 1,5 por cento, para 75,30 euros, às 15h23 em Paris.

Recall do Captur

A Renault não é a única fabricante de veículos que está sob a mira. Outras marcas também excederam os limites de emissões e foram intimidas pelo governo, disse a ministra francesa do meio ambiente, Ségolène Royal, em entrevista à rádio RTL, sem identificá-las.

O recall da Renault, iniciado no mês passado, está focado na versão a diesel de 110 cavalos de potência do Captur, um SUV de pequeno porte. A produção do modelo foi iniciada em julho e o problema foi detectado em setembro, quando foi consertado, disseram executivos da Renault. O conserto do sistema de emissões levará cerca de meio dia por veículo.

Devido ao defeito, os sistemas de filtros são ativados apenas em temperaturas entre 17 e 35 graus Celsius. Os testes europeus para emissões de motores são realizados dentro dessa faixa, embora as temperaturas médias em Paris geralmente sejam mais baixas. Em média, a temperatura máxima durante o dia na capital francesa só excede os 17 graus Celsius entre maio e setembro.

"Precisamos urgentemente ter um novo método de teste para fechar a lacuna entre o teste atual de emissão de poluentes em laboratório, conforme definido por lei, e as condições muito diferentes experimentadas na rua", disse Erik Jonnaert, secretário-geral da Associação de Fabricantes de Automóveis da Europa, em um comunicado. O setor precisa de novas regras para os testes "para restaurar a confiança dos consumidores e dos legisladores".

A oferta de upgrade que será estendida aos donos de carros a diesel neste verão é voluntária e destinada a clientes que querem um desempenho melhor dos sistemas que controlam as emissões de óxidos de nitrogênio, causador do smog, disse a empresa.

Título em inglês: 'Renault Plans Recall, Diesel Upgrades to Quell Emissions Storm'

Para entrar em contato com os repórteres:

David Whitehouse, em Paris, dwhitehouse1@bloomberg.net; Mark Deen, em Paris, markdeen@bloomberg.net; Naomi Kresge, em Berlim, nkresge@bloomberg.net.

Tradução: Samuel Rodrigues Revisão: Sílvia Ornelas