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China avalia resposta ao Bitcoin com estudo sobre moeda digital

Lulu Yilun Chen e Justina Lee

21/01/2016 15h44

(Bloomberg) -- O banco central da China disse que está estudando as possibilidades de emitir sua própria moeda digital e que busca lançar um produto o quanto antes, alegando que os sistemas de pagamento podem melhorar a eficiência das transações internacionais.

O Banco Popular da China montou uma equipe de pesquisa em 2014 para estudar as moedas digitais e os cenários de aplicação, segundo um comunicado publicado no site do órgão regulador. O banco disse que consultou especialistas do Citigroup e da Deloitte, embora não tenha especificado qual tecnologia usaria para emitir sua moeda digital nem como ela funcionaria em relação ao yuan.

As moedas digitais ganharam destaque com o surgimento do bitcoin, que é "minerado" por computadores de grande potência e opera com um livro-razão que contém o histórico de pagamento de cada circulação. A China se tornou um dos maiores mercados para o bitcoin e para os mineradores, e os órgãos reguladores chineses adotaram a postura de praticamente não interferir nas operações de troca e nas empresas de bitcoin.

"As autoridades reguladoras reconheceram as oportunidades que as moedas digitais oferecem", disse Zennon Kapron, diretor administrativo da empresa de consultoria Kapronasia, com sede em Xangai. "Se elas realmente tivessem algo que o governo pudesse monitorar e usar, isso poderia se encaixar em seus planos de longo prazo".

Fluxos de capital

Um total estimado de US$ 843 bilhões em capital saiu da China no período de 11 meses até novembro, segundo uma estimativa da Bloomberg, e as autoridades estão tendo que adicionar recursos ao sistema financeiro para evitar o aumento das taxas de juros em meio à desaceleração econômica.

Os primeiros usuários do bitcoin imaginavam a moeda como uma forma se libertarem do controle dos bancos centrais e das instituições financeiras.

O bitcoin foi criado em 2008 por Satoshi Nakamoto, um programador ou grupo de programadores, e não opera com um administrador, como um banco central. Em vez disso, uma rede de voluntários valida as transações por meio de computadores, o que exige assinaturas eletrônicas criptografadas, e, em troca, essas pessoas recebem honorários com base nos preços do mercado.

"No momento é cedo demais para ver qual será o efeito da medida do Banco Popular da China sobre a comunidade do bitcoin no país", disse Wang Chun, um dos fundadores do segundo maior grupo de mineradores de bitcoins, o F2Pool, com sede em Pequim. "Eles poderiam optar por permitir que o bitcoin coexista com sua moeda digital ou reprimir o uso do bitcoin".

Tecnologia blockchain

O preço do bitcoin subia 1,6 por cento, para US$ 413, às 16h15 em Hong Kong, segundo dados compilados pela Bloomberg. A moeda digital registrou uma valorização de 36 por cento no ano passado.

As Filipinas já estão tentando usar a tecnologia blockchain, que sustenta o bitcoin, para emitir sua própria moeda digital. A Nasdaq OMX Group quer se tornar a primeira grande operadora de bolsa de valores a usar a tecnologia blockchain.

Muitas vezes quando uma tecnologia revolucionária chega à esfera pública, o uso pelos primeiros usuários é incentivado, disse Charles Mok, um defensor da tecnologia da informação que atua na Assembleia Legislativa de Hong Kong. Contudo, a comercialização da nova tecnologia necessária para que a moeda se torne disponível para as massas impulsiona regras sobre direitos de propriedade e imposições do governo, disse ele.

"Há sempre um cabo de guerra entre governo, órgãos reguladores e organizações não governamentais", disse Mok. "É natural que os governos digam que querem vir por causa do impacto no mercado financeiro. Eles querem proteger os consumidores".

Título em inglês: 'China Mulls Answer to Bitcoin With Digital Currency Study'

Para entrar em contato com os repórteres:

Lulu Yilun Chen, em Hong Kong, ychen447@bloomberg.net; Justina Lee, em Taipé, jlee1489@bloomberg.net.

Tradução: Samuel Rodrigues Revisão: Sílvia Ornelas