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Investidores fogem do México com queda do peso

Ye Xie e Isabella Cota

05/02/2016 15h54Atualizada em 08/02/2016 15h41

(Bloomberg) - O peso mexicano está caindo tanto e tão rápido que um dos mercados emergentes mais elogiado pelo UBS Group para 2016 já está a meio caminho de sua meta de retorno.

O sucesso da recomendação do UBS de apostar contra a moeda reflete como um país que já foi visto como um ponto brilhante entre os mercados emergentes está agora começando a alcançar quedas que provocaram perdas de pelo menos 25% no ano passado no Brasil, Colômbia e África do Sul. A caída de 6% do peso este ano é a pior entre seus pares mais negociados pois a preocupação de que a queda dos preços do petróleo vai piorar o déficit em conta corrente em uma nação que a UBS diz que depende muito de fundos de investidores estrangeiros.

Defendido por investidores estrela de Michael Hasenstab a Bill Gross desde a reforma histórica para acabar com o monopólio do petróleo em 2013, o peso tem sido nada mais que uma decepção perdendo valor por três anos consecutivos. Enquanto os economistas concordam que o México está em melhor forma do que os países que são mais dependentes de exportações de commodities e da China, o peso está especialmente vulnerável ao sentimento pessimista global sobre as nações em desenvolvimento, porque a sua liquidez significa que os traders podem facilmente usá-la como um hedge intermediário.

"O México é o menos pior entre os mercados emergentes, mas não está tão forte como era percebido", disse Bhanu Baweja, que previu corretamente a queda forte nas moedas dos países em desenvolvimento no ano passado e é o chefe de estratégia de ativos cruzados de mercados emergentes da UBS em Londres. "Não há nenhuma razão para esperar que o peso vá se valorizar".

Melhores Ideias

Baweja recomendou em 17 de novembro que os clientes vendessem o peso em relação ao dólar, seguindo uma aposta de que as taxas de juros do México vão diminuir. A UBS, o quinto maior operador de câmbio, de acordo com a Euromoney, afirmou que era uma das 10 melhores ideias para 2016. Desde então, o peso perdeu 8,2% em uma base de retorno total. Contratos futuros que refletem expectativas dos traders de qual será a taxa de um ano daqui a 12 meses diminuíram de 4,8% para 4,4%.

O peso caiu para uma baixa recorde de 18,8024 por dólar no mês passado com a queda dos preços do petróleo afetando a perspectiva para investimentos no setor de energia do México, enquanto o crescimento nos EUA, seu principal mercado de exportação, está perdendo força. A queda levou o banco central do México em 28 de janeiro a estender até março um programa de ofertas diárias de leilões de dólares para reforçar o peso.

Onda de volatilidade

O déficit em conta corrente do país, a medida mais ampla da negociação de bens e serviços, pode chegar a 2,6% do PIB este ano, um nível visto pela última vez em 2000, de acordo com a mediana das previsões de economistas consultados pela Bloomberg.

A perda significa que o país depende de capital estrangeiro para o financiamento. Com os investidores estrangeiros já mantendo US$ 85 bilhões em dívida de taxa fixa em peso, ou 59% do total, os fluxos de capital tendem a diminuir e podem mesmo inverter, de acordo com Baweja. A porcentagem de participação estrangeira no mercado de bonds do México é a mais alta entre as principais nações em desenvolvimento, em comparação com 19% no Brasil e 22% na Turquia, de acordo com o Bank of America.

Os investidores estrangeiros migraram para o México nos últimos anos com as reformas do presidente Enrique Peña Nieto nos setores financeiro, de telecomunicações e de energia provocando otimismo de que poderiam desencadear um surto de crescimento. Seus laços estreitos com os EUA também alimentaram especulações de que a recuperação da maior economia do mundo iria levantar as exportações do México.

Embora o crescimento do México tenha acelerado nos últimos dois anos, ficou aquém das projeções dos analistas e do governo. A economia cresceu 2,5% no ano passado, abaixo da previsão mediana de 3,4% dos economistas entrevistados no início de 2015.