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Expectativas de investidores mostram impacto da atitude do BCE

16/02/2016 13h38

Anooja Debnath (Bloomberg) - Os investidores esperam que Mario Draghi aumente o estímulo e não os decepcione pela segunda vez.

Como o presidente do Banco Central Europeu fará seu próximo anúncio sobre política econômica no dia 10 de março, os investidores estão posicionados para uma bonança de flexibilização monetária, julgando pelo ritmo em que os rendimentos de títulos da zona do euro estão caindo a novos patamares mínimos.

A quantidade de dívida com rendimentos inferiores a -0,3% --o que implica que só pode se tornar elegível para as compras do BCE se a autoridade monetária cortar a taxa de depósitos-- deu um salto de mais de um terço, para pelo menos US$ 1,22 trilhão, desde a reunião do banco central no dia 21 de janeiro.

Foi quando Draghi insinuou que poderia estar preparando mais estímulos.

Ele disse ao Parlamento Europeu na segunda-feira que a queda dos preços do petróleo e a turbulência dos mercados poderiam levar o BCE a tomar medidas para revigorar a inflação.

"É desse jeito que o discurso dovish pode morder", disse Peter Chatwell, diretor de estratégia de taxas da Mizuho International em Londres. "O mercado acredita que o BCE fará mais em março, daí que uma proporção tão alta esteja operando abaixo da atual taxa de depósitos".

'Intransigente'

Antes da reunião do BCE em dezembro, os rendimentos afundaram devido à expectativa de que a instituição impulsionaria medidas de estímulo que já não tinham precedentes.

O ajuste de dez pontos-base na taxa de depósitos e a prorrogação do plano de aquisições de títulos por seis meses não impressionaram os mercados e desencadearam uma rápida reversão dos rendimentos em queda.

Naquele dia, o rendimento dos títulos alemães com vencimento em dez anos deu o maior salto desde 2011.

Uma redução de dez pontos-base na taxa de depósitos em março é quase certa, segundo os contratos de futuros.

Se fosse tomada hoje, esta medida liberaria cerca de US$ 400 milhões em dívidas para o plano de aquisição de ativos do BCE, com base no Bloomberg Eurozone Sovereign Bond Index. O programa visa a impulsionar a inflação e estimular a economia regional.

A autoridade monetária "tem sido intransigente demais", disse Mark Dowding, gerente de carteiras de valores em Londres da BlueBay Asset Management, que administra US$ 60 bilhões.

"Ela não ofereceu o suficiente, o suficientemente rápido, para de fato estimular a demanda econômica. Será muito difícil para Draghi obter resultados superiores a expectativas que agora já estão muito infladas". Dowding disse que ele vem acrescentando bonds periféricos à sua carteira de valores.

Taxas

Os rendimentos para as notas alemãs com vencimento em dois anos, que chegaram ao valor mínimo recorde de -0,557% no dia 11 de fevereiro, estavam em -0,51% às 14h24 em Londres.

Os rendimentos de dívida da França, da Espanha e da Bélgica com vencimentos similares também chegaram a valores negativos.

A taxa média de índices overnight para o euro (Eonia) tem caído consistentemente com a flexibilização monetária implementada pelo BCE e os futuros estão sinalizando uma diminuição de dez pontos-base na taxa de depósitos para março.

Isso poderia decepcionar quem espera uma flexibilização mais enérgica, como o JPMorgan Chase, que na semana passada revisou sua previsão e agora estima uma redução de vinte pontos-base.

No mês passado, Draghi reiterou que cumprir a meta de inflação do BCE era crucial e que o banco central continuava disposto a agir se fosse necessário. Na segunda-feira, ele destacou o petróleo e a turbulência recente dos mercados acionários como possíveis desafios.

"Se qualquer um desses dois fatores implicar riscos de queda para a estabilidade dos preços, não hesitaremos em agir", disse Draghi.