Congelar produção de petróleo não vai ajudar preços, diz banco Goldman Sachs
(Bloomberg) -- A primeira decisão coordenada sobre a produção de petróleo entre a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e países produtores de fora do grupo em 15 anos não vai recuperar os preços, segundo o banco Goldman Sachs.
O acordo entre a Arábia Saudita e a Rússia para congelar a produção terá "pouco impacto sobre o mercado do petróleo na forma como foi proposto e há uma grande incerteza se o acordo vai se materializar", disseram analistas do banco, incluindo Jeffrey Currie, em nota enviada por email na quarta-feira (17).
O banco reiterou sua previsão de que os preços continuarão voláteis, embora restritos a uma certa faixa nos próximos meses, enquanto os estoques não pararem de subir.
Preços podem cair abaixo de US$ 20
O petróleo está sendo negociado próximo ao menor valor em 12 anos e os estoques, já em um nível recorde, continuam subindo há mais de um ano após a Opep ter decidido manter a produção para defender participação de mercado em meio ao excesso global.
Por esse fator, juntamente com a produção russa recorde e com o fato de os campos de xisto dos EUA produzirem mais petróleo e gás do que o estimado anteriormente, os preços do barril poderiam cair para menos de US$ 20 antes de a queda terminar, disse Currie na semana passada.
"Um acordo pode dar a impressão de que é possível conseguir mais como, por exemplo, cortes na produção, mas nós acreditamos que ele não seria suficiente para estabelecer um piso para os preços, que só se estabilizarão quando os estoques pararem de subir", informou o Goldman, que prevê que os estoques poderão parar de subir no segundo semestre deste ano.
Além disso, uma redução maior da produção seria contraproducente já que os produtores do xisto poderiam aumentar a produção em 80 dias quando os preços começassem a se recuperar, disse Currie em entrevista à Bloomberg TV na terça-feira.
'Mais cedo ou mais tarde'
O Oversea-Chinese Banking acredita que ocorrerá um corte na produção "mais cedo ou mais tarde", disse o economista Barnabas Gan em um relatório na quarta-feira.
A Opep poderá convocar uma reunião de emergência já em março em caso de a queda dos preços do petróleo apertarem as margens de lucro, disse ele.
"Nós acreditamos que haverá um corte de produção por parte dos principais produtores de petróleo em 2016", disse Gan.
"Este evento, combinado com o fato de o crescimento da demanda permanecer positivo, elevaria o WTI e o Brent para nossa previsão de fim de ano, de US$ 50 o barril".
Apesar de a Arábia Saudita e a Rússia, os maiores produtores de petróleo do mundo, terem se unido à Venezuela e ao Catar em um acordo fechado na terça-feira para limitar a produção, o sucesso desse acordo depende da participação do Irã, Iraque e outros grandes exportadores. A participação do Irã é "improvável", segundo o Goldman.
Irã
O ministro do petróleo do Irã, Bijan Namdar Zanganeh, se reunirá com seus pares do Iraque e da Venezuela em Teerã, na quarta-feira.
O Irã, que era o segundo maior produtor da Opep antes de as sanções serem intensificadas em 2012, "não renunciará à sua participação de mercado", informou o Shana, serviço de notícias do Ministério do Petróleo, na terça-feira, em declarações atribuídas a Zanganeh. Um representante do governo iraquiano disse que seu país estava preparado para apoiar o plano.
"O Irã continua dizendo que está comprometido com o aumento da produção e com a reconquista de sua participação de mercado, o que sugere que qualquer acordo envolvendo o Irã provavelmente precisaria permitir algum crescimento na produção", disse Currie.
"Nós continuamos conservadores em relação à projeção de crescimento da produção iraniana, considerando o aumento apenas limitado alcançado até o momento nas exportações e a limitação ao aumento da produção criada pelas sanções remanescentes dos EUA".
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