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BlackRock diz que traders estão subestimando Fed

Wes Goodman e Anchalee Worrachate

23/02/2016 14h30

(Bloomberg) -- A BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, está alertando os investidores em bonds que eles não estão preparados para o aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve.

Os traders veem 48 por cento de chance de o Fed atuar neste ano, contra 93 por cento em 1º de janeiro, mostram os contratos futuros. A queda das ações e do petróleo levou os investidores a abandonarem as apostas em taxas mais elevadas, mesmo após a cúpula do banco central indicar em dezembro que haveria quatro movimentos em 2016. Agora, as ações e o petróleo mostram sinais de estabilização e os economistas projetam que o índice de inflação utilizado pelo banco central mostrará um aumento em 26 de fevereiro.

"Será que o banco central vai esperar todo o ano de 2016?", escreveu Russ Koesterich, estrategista-chefe global de investimentos da BlackRock, que tem sede em Nova York, em um relatório na segunda-feira. "Provavelmente não, embora seja exatamente isso que o mercado de futuros está sugerindo. A inflação ganhou força, sugerindo que o banco central poderá não ser tão dovish quanto espera o mercado". A empresa possui US$ 4,6 trilhões em ativos.

Os yields das notas de 10 anos dos EUA subiram três pontos base ou 0,03 pontos percentuais para 1,78 por cento às 8h12 em Nova York, segundo dados do Bloomberg Bond Trader. A nota com rendimento de 1,625 por cento e com vencimento em fevereiro de 2026 caiu 7/32 ou US$ 2,19 por título com valor de face de US$1,000 para 98 5/8.

Há 12 meses, Koesterich disse que o aumento dos juros pelo Fed em 2015 tinha "alguma chance de ocorrer em junho, provavelmente em setembro ou certamente até o final do ano". O banco central agiu em dezembro.

Índice de inflação

O índice usado pelo Fed mostrará que a inflação em 12 meses acelerou para 1,1 por cento em janeiro, contra 0,6 por cento em dezembro, segundo uma pesquisa da Bloomberg com economistas antes do relatório, previsto para o final da semana. A última vez em que o indicador ficou acima da meta de 2 por cento do banco central foi em 2012. Os preços ao consumidor nos EUA, excluindo alimentos e combustível, tiveram em janeiro o maior aumento em quatro anos, mostraram dados do governo na semana passada.

Os traders receberam um lembrete da turbulência global que poderá fazer o Fed esperar. A China desvalorizou sua moeda, reforçando a especulação de que a segunda maior economia do mundo está desacelerando e derrubando os yields dos títulos de 10 anos em até três pontos base.

"Reduzimos nossas expectativas no início deste mês para dois aumentos do Fed este ano, em junho e dezembro, de uma previsão anterior de três altas", disse Richard Kelly, chefe global de estratégia no Toronto Dominion Bank, em Londres. "A volatilidade financeira sustentada e o aperto das condições financeiras efetivamente entregaram o que o Fed iria implementar através de taxas mais elevadas."

Otimistas com bonds

O yield das notas de 30 anos dos EUA poderá cair um ponto percentual em relação aos atuais 2,60 por cento, segundo a Eastspring Investments, unidade de gestão de ativos da Ásia da Prudential. Nicholas Ferres, que administrava as aquisições dos bonds antes de o Fed tomar sua decisão, no final do ano passado, vê que o yield cairá para menos de 2 por cento, atingindo uma baixa recorde.

Os otimistas são minoria. O yield dos títulos de 10 anos subirá para 2,41 por cento até o final do ano, segundo uma pesquisa da Bloomberg com economistas. As projeções mais recentes deram as ponderações mais pesadas.