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Standard Chartered cai após primeira perda anual desde 1989

23/02/2016 15h45

Stephen Morris (Bloomberg) - Bill Winters tomou mais medidas "dolorosas" para mudar o Standard Chartered, depois que o banco registrou seu primeiro prejuízo anual desde 1989. As ações caíram.

O credor com foco na Ásia informou uma perda antes de impostos de US$ 1,5 bilhão em 2015, uma queda do lucro de US$ 4,2 bilhões no ano anterior, com a receita abaixo das estimativas e a imparidade do crédito quase dobrando para o mais alto na história do banco. A companhia deu baixa contábil de seus negócios na Tailândia, disse que estava revendo suas operações na Indonésia, cortou ainda mais sua exposição a commodities e eliminou todos os bônus dos executivos.

"Nosso desempenho em 2015 foi fraco, e de muitas maneiras inaceitável" com a queda na renda "precipitada", afirmou Winters, o CEO da empresa em uma conversa com repórteres na terça-feira. 2016 "será mais um ano difícil, sem dúvida".

Winters, 54, está tentando diminuir os danos causados pela expansão baseada na receita do predecessor Peter Sands nos mercados emergentes, o que deixou o banco cheio de empréstimos ruins quando o mercado de commodities caiu e o crescimento estagnou da China à Índia. A empresa estabeleceu uma meta de um retorno de 10 por cento sobre a participação em 2020, acima do 0,4 por cento negativo em 2015.

Negócios decentes?

"Os resultados nunca iam ser bons, infelizmente", disse Hugh Young, diretor-gerente da Ásia da Aberdeen Asset Management, uma das maiores acionistas da Standard Chartered. "O ponto mais importante é se Bill e a equipe estão fazendo as coisas certas na arrumação e se vai sobrar um negócio decente no final disso. Acho que a resposta para as duas coisas é afirmativa".

As ações caíram 2,5 por cento, para 425,45 pence às 12h35 em Londres, aumentando o declínio este ano para 25 por cento. As ações caíram forte anteriormente, atingindo 12 por cento logo após a divulgação dos resultados.

Passos "dolorosos"

A receita diminuiu 15 por cento para US$ 15,4 bilhões, abaixo das estimativas dos analistas de US$ 15,9 bilhões, em uma pesquisa da Bloomberg. A imparidade do crédito saltou de US$ 2,1 bilhões para US$ 4 bilhões em 2014. Quando os executivos olharam os resultados de 2015, isso "machucou nossas almas", disse Winters em uma conversa com analistas.

Retorno de dividendos

"Estamos lidando com o nosso problema tão agressivamente quanto qualquer um no setor", disse Winters na conversa. O banco espera reiniciar o pagamento de dividendos este ano depois de cancelar o pagamento na segunda metade de 2015, para economizar dinheiro, disse Benjamin Hung, CEO regional da Grande China e norte da Ásia, em entrevista com os repórteres em Hong Kong.

O banco reduziu sua exposição a commodities em 28 por cento para US$ 39,6 bilhões, e cortou a exposição a produtores de petróleo e gás, que vêm sofrendo uma queda recorde nos preços de energia, em 26 por cento para US$ 9,6 bilhões.

Excluindo alguns itens únicos, o lucro antes de impostos foi de US$ 834 milhões. Isso ficou abaixo da estimativa média de lucro de US$ 1,37 bilhão, feita por 20 analistas consultados pela Bloomberg. Standard Chartered disse que sua proporção de capital common equity Tier 1, uma medida de solidez financeira, caiu de 13,1 por cento para 12,6 por cento em 30 de setembro

Desde junho, Winters levantou US$ 5,1 bilhões de investidores, descartou os dividendos e anunciou planos de cortar 15.000 postos de trabalho para ajudar a economizar US$ 2,9 bilhões em 2018, buscando reestruturar ou eliminar US$ 100 bilhões de ativos de risco.

O CEO está diminuindo o balanço do credor, após o rápido crescimento sob Sands, que foi substituído no ano passado, depois de oito anos como CEO. O total de ativos no credor, que se concentra na Ásia, Oriente Médio e África, subiu para um pico de US$ 726 bilhões no final de 2014, dos US$ 266 bilhões em 2006, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O banco tinha US$ 640 bilhões de ativos no final do ano passado, uma diminuição de 12 por cento, mostram os resultados.