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Argentina perto de acordo com credores, papel ligado a PIB sobe

Pablo Gonzalez

25/02/2016 11h06

(Bloomberg) -- A economia da Argentina está em vias de se recuperar, porque o governo se aproxima de um acordo com os detentores de bonds não reestruturados (holdouts), que impossibilitaram que o país tomasse empréstimos no exterior durante 15 anos. Trata-se de uma bênção para os investidores que detêm ativos atrelados ao Produto Interno Bruto.

Os warrants do PIB, ativos atrelados ao Produto Interno Bruto, que não pagaram cupom desde 2012, subiram 15 por cento nos últimos 30 dias, o máximo entre títulos de dívida denominados em dólares na Argentina. Os investidores estão apostando em perspectivas de que o crescimento econômico anual irá melhorar pelo menos 3 por cento, o limiar para acionar um pagamento. Os analistas preveem um crescimento perto de zero neste ano, mas projetam uma expansão de 3,4 por cento em 2017, porque o presidente Mauricio Macri está aliviando os controles impostos por sua antecessora.

A Argentina está perto de chegar a um acordo de US$ 5 bilhões com o maior grupo de holdouts que restou do calote recorde de US$ 95 bilhões do país em 2001, disse um advogado da Elliott Management, de Paul Singer, ao tribunal de apelação de Manhattan na quarta-feira. O governo da segunda maior economia da América do Sul, que já fechou acordos com cerca de 20 por cento dos holdouts, pretende emitir US$ 15 bilhões em bonds para pagar aos credores quando o Congresso revogar certas leis. Isso poderia desbloquear taxas de juros mais baixas e abrir o acesso ao crédito para empresas e províncias, bem como estimular o investimento estrangeiro no país de 43 milhões de habitantes, de acordo com a corretora Puente, com sede em Buenos Aires.

"Um acordo com os holdouts é essencial porque prepara o terreno para investimentos estrangeiros em uma economia que está parada", disse Alejo Costa, diretor de estratégia da Puente, que projeta que o crescimento será de 4,5 por cento em 2017. "Há uma grande chance de o pagamento dos ativos atrelados ao PIB serem acionados no próximo ano".

Aqueles que investiram nesses ativos, que foram emitidos como estímulos nas reestruturações de 2005 e 2010, receberam seis pagamentos que totalizaram 18 centavos de dólar nos últimos dez anos. Os ativos podem pagar um máximo de 48 centavos de dólar até seu vencimento em 2035, ou um total de US$ 480.000 para um valor nominal de US$ 1 milhão. O último pagamento, em dezembro de 2012, foi de US$ 3,5 bilhões.

Além de tratar de chegar a um acordo com os holdouts, Macri reverteu muitas das políticas econômicas de Cristina Kirchner. O governo eliminou os impostos sobre a exportação de produtos agrícolas, permitiu que o peso flutuasse livremente e está reformulando o Indec, o instituto de estatística da Argentina, acusado de manipular dados do governo. Em 2014, o Indec disse que o crescimento em 2013 tinha ficado um pouco abaixo do limiar que acionaria um pagamento para os ativos, gerando reclamações dos credores.