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IPO da Aramco pode alcançar US$ 2 tri, diz príncipe saudita

Glen Carey, Wael Mahdi e Rakteem Katakey

25/04/2016 14h47

(Bloomberg) -- O vice-príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, disse estimar que o valor da Saudi Arabian Oil Co. vai ultrapassar US$ 2 trilhões em um momento em que o reino se prepara para vender parte da empresa naquela que poderia ser a maior oferta pública inicial do mundo.

A avaliação da produtora conhecida como Saudi Aramco não foi concluída, disse o príncipe Mohammed em entrevista à emissora de televisão Al Arabiya, de propriedade saudita. O governo planeja transformar a Aramco em uma holding e venderá menos de 5 por cento da entidade, disse ele. As unidades da Aramco poderão ser colocadas à venda em uma segunda fase, disse ele.

O príncipe Mohammed lidera a maior reformulação econômica desde a fundação da Arábia Saudita, em 1932, com medidas que representam uma mudança radical para um país erguido com base nos petrodólares.

A venda da Saudi Aramco é parte fundamental da "Visão Saudita 2030", anunciada na segunda-feira para reformular a economia e reduzir a dependência do reino em relação ao petróleo, disse ele. Isso ajudará a aumentar a transparência, disse.

"Se a Saudi Aramco abrir seu capital, terá que divulgar suas declarações todos os trimestres", disse ele. "A empresa estará sob supervisão de todos os bancos sauditas, de todos os analistas, de todos os pensadores sauditas. Aliás, todos os bancos internacionais e centros de pesquisa e planejamento do mundo irão monitorá-la intensivamente".

As reservas de petróleo da Aramco, de cerca de 260 bilhões de barris, representam quase 10 vezes as da Exxon Mobil. Sua produção diária, de mais de 10 milhões de barris, é maior que a produção doméstica de todas as empresas petroleiras dos EUA combinadas.

A participação restante na Aramco não vendida no IPO, que atualmente é mantida diretamente pelo governo, será transferida ao fundo soberano de investimento do país. "Acredito que em 2020 poderemos viver sem o petróleo", disse o príncipe Mohammed. "Precisaremos dele, mas poderemos viver sem ele".

Jason Tuvey, economista focado em Oriente Médio da Capital Economics, contestou essa afirmação. "Eu não acredito nisso, estou preocupado", disse ele, de Londres. A renda de investimento do Fundo de Investimento Público ainda virá em grande parte da Saudi Aramco, disse Turvey. "A Aramco, afinal, é uma grande empresa petroleira, por isso a receita do governo ainda será essencialmente dependente do petróleo".

O príncipe disse que a Arábia Saudita tem "enormes" ativos de mineração que podem ser usados para gerar empregos. O país possui 6 por cento das reservas mundiais de urânio, que é "outro petróleo que não exploramos", disse ele. A Arábia Saudita utiliza apenas 3 por cento a 5 por cento de seus recursos minerais, como ouro, prata e fosfato, disse ele.