IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Açúcar tem maior alta em 2 anos com chuvas no Brasil

Isis Almeida

03/06/2016 11h55

(Bloomberg) -- O açúcar atingiu o preço mais alto em quase dois anos depois que chuvas pesadas interromperam os embarques nos portos do Brasil e provocaram a desaceleração da colheita em um momento de alta demanda.

O Porto de Santos teve seu maio mais chuvoso desde 2013, pelo menos, e os navios atualmente aguardam o embarque de 1,9 milhão de toneladas de açúcar, segundo a Alphamar Agência Marítima e a Williams Serviços Marítimos. As chuvas acima da média se intensificarão nos próximos cinco dias na principal região produtora do Brasil, disse a MDA Weather Services.

"As condições úmidas em cerca de metade da região de cultivo de cana no Brasil sem dúvida estão gerando um impacto", disse Tobin Gorey, estrategista do Commonwealth Bank of Australia, em relatório enviado por e-mail na sexta-feira. "A produção de açúcar será reduzida na segunda quinzena de maio. E no momento parece que o clima continuará úmido por bastante tempo e poderá ser suficiente para esticar esses atrasos até meados de junho".

Alta do açúcar

O açúcar bruto para entrega em julho subiu 1,9 por cento, para 18,42 centavos a libra, na bolsa ICE Futures U.S. em Nova York, nível mais alto desde junho de 2014. Em Londres, a variedade branca para agosto teve alta de 1,3 por cento, para US$ 501,30 a tonelada, nível mais alto desde outubro de 2013.

Choveu pouco mais de sete dias no porto de Santos em maio, mais do que o dobro de um ano antes, enquanto em abril houve apenas um dia de chuva, informou a Alphamar em relatório enviado por e-mail na quinta-feira. O tempo de espera no terminal da Rumo, em Santos, era de 15 dias, enquanto no da Pasa, no porto de Paranaguá, chegava a 19 dias, segundo dados da Williams de quarta-feira.

Os embarques de açúcar foram suspensos por dois dias e meio nesta semana, disse o CEO da Copersucar, Paulo Roberto de Souza, na quinta-feira. A chuva também dificultou a moagem da cana no Centro-Sul do país na segunda quinzena de maio, disse Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar, a Unica.

Os possíveis atrasos da colheita eliminaram o desconto entre os futuros de julho e outubro. E também aumentaram o temor de que os traders possam tentar receber entregas por meio do intercâmbio em um momento em que os portos estão congestionados. O contrato de julho expira no fim do mês em Nova York.

"Parecia que a janela de entrega do contrato de julho teria bastante açúcar há cerca de três semanas", disse Gorey. "Com o clima úmido, isso provavelmente não ocorrerá, por isso os preços do mercado estão mudando para refletir essa situação".