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Análise: Pimco mostra grandes gestoras penando diante de ETFs

Lisa Abramowicz

17/06/2016 15h46

(Bloomberg) -- Os últimos anos foram especialmente desafiadores para a Pimco.

Nos últimos três anos, a gestora de US$ 1,5 trilhão perdeu aproximadamente US$ 500 bilhões em ativos e demitiu sua maior estrela, Bill Gross. Agora, está diminuindo o quadro de funcionários em até 3 por cento. O alto escalão da Pimco declarou em memorando: "As demandas competitivas desse setor exigem adaptação e inovação contínuas para atendermos à evolução das necessidades dos clientes."

A Pimco enfrenta algumas dificuldades específicas, mas a última decisão reflete um abalo sísmico para grandes instituições de investimento ao redor do mundo.

Gestoras de postura ativa estão sendo criticadas por investidores que questionam se o julgamento humano funciona melhor do que estratégias de acompanhamento de índices. Frequentemente, a conclusão é que não.

"As gestoras ativas com problemas estão sendo bem mais castigadas do que antes", disse Russ Kinnel, diretor de pesquisa de fundos mútuos da Morningstar, em Chicago. "Estamos vendo mais instituições de todos os tamanhos sendo pressionadas. Mesmo quando as coisas vão bem, elas têm dificuldade para manter ativos."

O resultado é que os quadros de pessoal das grandes gestoras de recursos encontraram um limite e têm sido enxugados. O número de funcionários das grandes instituições de investimento no mundo todo diminuiu no primeiro trimestre e tende a recuar mais adiante.

Enquanto isso, o total de ativos sob gestão também atinge seus limites.

É uma situação incomum porque as grandes gestoras de investimentos estão cortando vagas durante uma época relativamente benigna nos mercados. De forma agregada, as instituições não estão sofrendo sangria de ativos. Nem enfrentam quedas persistentes e amplas em ações e títulos mais arriscados, como ocorreu em 2000 e 2008.

E há toneladas de dinheiro buscando investimento. O dinheiro está simplesmente encontrando outras paradas, principalmente os fundos baratos que acompanham índices -- os fundos negociados em bolsa ou ETFs.

O ano passado foi de recordes para os ETFs, que atraíram mais de US$ 350 bilhões em novos recursos em todo o mundo, segundo a Greenwich Associates. Mas até a BlackRock, que é líder em ETFs, demitiu pessoal. Esses fundos passivos não pagam muito em termos de taxas e é exatamente esta a questão.

Os investidores estão perdendo a paciência com as promessas dos humanos que escolhem ações e títulos. Os fundos de estratégia ativa repetidas vezes entregam desempenho inferior ao dos fundos passivos.

Os fundos de títulos de médio prazo, por exemplo, acumulam ganho médio de 4,3% em 2016, enquanto o índice U.S. Aggregate do Barclays avançou 4,8%, de acordo com dados da Morningstar. Fundos de títulos com grau especulativo, ou junk bonds, tiveram retorno anualizado de 2,2% nos últimos três anos, comparado a 3,3% no caso do índice U.S. High Yield do Bank of America Merrill Lynch.

O CEO da AllianceBernstein, Peter Kraus, atribui parte da culpa pelo desempenho inferior ao tamanho das gestoras de ativos que, na opinião dele, ficaram maiores do que deveriam. Neste mês, ele afirmou que o tamanho das gestoras de postura ativa talvez tenha de encolher em um terço, ou US$ 10 trilhões, se elas quiserem superar as referências do setor.

Enquanto isso, as taxas caem rapidamente, especialmente com a maior dificuldade para entregar rentabilidade confiável, uma vez que os rendimentos dos títulos estão extraordinariamente baixos em todo o mundo.

Simplesmente há menos retorno: o rendimento médio dos títulos soberanos globais está em 1,1%, comparado a uma média de 2,4% na última década, de acordo com dados da Bloomberg.

Taxas maiores podem definir se determinado investimento tem desempenho inferior ou superior. Isso não vai mudar. Os ETFs continuarão dominando e as taxas continuarão encolhendo.

A Vanguard Group, que liderou o movimento na direção de estratégias baratas de acompanhamento de índices, anunciou nesta semana sua disposição de baixar ainda mais as taxas.

"Não sei qual é o número teórico", disse Bill McNabb, CEO da Vanguard, que emprega cerca de 15 mil pessoas. "A receita precisa vir de algum lugar. As pessoas precisam ser pagas por fazerem algo."

Na próxima escorregada dos mercados, o número de funcionários de gestoras ativas tende a diminuir ainda mais. O julgamento humano tem papel importante, mas provavelmente virá de forma bem mais restrita e específica do que ofereciam as gigantes de investimento do passado.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do comitê editorial da Bloomberg LP e seus proprietários.