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Musk compra Musk: os números do negócio Tesla-SolarCity

Tom Randall

22/06/2016 10h35

(Bloomberg) -- A Tesla Motors de Elon Musk acaba de apresentar uma oferta para a compra da SolarCity de Elon Musk por um total de US$ 2,86 bilhões. É de dar nó no cérebro.

Musk é o maior acionista da SolarCity e já é dono de 23 por cento da empresa, por isso lucraria pessoalmente US$ 140 milhões com suas ações. Por outro lado, ele é também o maior acionista da Tesla, uma empresa muito maior, que caiu cerca de 11 por cento no fim do pregão após o anúncio do acordo. Isto custou a ele cerca de US$ 715 milhões, por isso seu prejuízo líquido foi de US$ 575 milhões. Não é um bom começo.

Então, por que ele está fazendo isso? Há basicamente duas formas de ver a questão: ou Musk, 44, está resgatando uma empresa com problemas que é administrada por seu primo, Lyndon Rive, ou está consolidando um império no setor de energia limpa com os preços no chão. Ou ambas as coisas.

Cenário 1: Musk sai ao resgate

A SolarCity está enfrentando problemas. As ações haviam caído 60 por cento no ano até agora porque a empresa descumpriu a projeção de lucros de consenso em três de quatro trimestres e mudou seu foco em relação ao crescimento das instalações. O golpe mais devastador, do ponto de vista espiritual, veio durante a teleconferência do último trimestre, quando o analista Ben Kallo fez uma pergunta simples aos executivos: "O que é a SolarCity?".

A conclusão foi que a SolarCity tinha se perdido no caminho, mudando seu modelo de negócio para oferecer um programa de crédito a proprietários de imóveis para que comprassem painéis solares em vez de fazerem leasing e reduzindo as estimativas de instalação três vezes em sete meses. "Wall Street acha que é complicado demais", disse Kallo, que cobre a empresa para a Robert Baird & Co. Dez empresas monitoradas pela Bloomberg tinham uma classificação de "compra" para a ação antes do anúncio de terça-feira, enquanto 11 diziam "manter" ou "venda".

Cenário 2: a construção de um império

Uma leitura alternativa da oferta é que Musk reconhece um bom negócio quando vê um. Com ações perto dos preços mais baixos desde 2013, o prêmio de 21 por cento a 30 por cento proposto pela Tesla ainda representa uma avaliação historicamente baixa de menos de US$ 2,9 bilhões por uma das maiores instaladoras de painéis solares do mundo.

Isto permite a Musk integrar o tripé de energia limpa de uma forma jamais vista no mundo: carros elétricos, energia solar e baterias de armazenagem para redes de energia, tudo em um lugar só. Se for assim, será possível prover todas as suas necessidades de energia sem nem sequer deixar a família Tesla. Esqueça as economias de escala (que são significativas), estamos falando de uma poderosa construção de marca. E adicionar as baterias à energia solar é algo que está prestes a se tornar cada vez mais comum, segundo uma análise recente da Bloomberg New Energy Finance.