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Análise: países da América Latina dão boas vindas a negócios com chineses

Wu Hong/Efe
Imagem: Wu Hong/Efe

Christopher Langner

23/06/2016 11h23

(Bloomberg) -- Os chineses estão chegando na América Latina e há uma festa à espera deles. Eles já estiveram de visita há algum tempo, mas esta viagem será diferente.

A State Grid está negociando a aquisição de uma participação na empresa brasileira CPFL Energia, da Camargo Corrêa, construtora que está passando por problemas, reportou a Bloomberg News. O acordo faz bastante sentido para a empresa de energia chinesa.

Mais de 70% dos US$ 80,3 bilhões em ativos que os chineses adquiriram na América Latina estavam concentrados em matérias-primas ou no setor de finanças, no segundo caso principalmente em instituições que gerenciam financiamentos comerciais, segundo dados compilados pela agência de notícias Bloomberg.

As maiores transações seguiram o mesmo padrão. A estratégia fundamental era assegurar a oferta de commodities para a China.

O possível acordo da State Grid com a CPFL poderá solidificar sua posição no mercado brasileiro de transmissão e ajudar a empresa estatal a conseguir autorizações para construir conexões no sexto maior país do mundo em área. Considerando que o vendedor precisa de dinheiro rápido, a State Grid provavelmente também comprará a CPFL por um preço baixo.

A China, em si, tem pouco a ganhar com o negócio. É por isso que as empresas brasileiras com problemas ficarão felizes em ouvir a respeito. Se as empresas estatais chinesas começarem a avaliar possíveis aquisições na América Latina por seu valor comercial, e não por sua importância estratégica para Pequim, a lista de alvos será longa.

Para começar, talvez a China Telecom deva avaliar a Oi, uma das maiores operadoras de telefonia celular do Brasil, que acaba de formalizar seu pedido de recuperação judicial por um recorde de US$ 19 bilhões e que poderia querer, quase a qualquer preço, um pretendente estrangeiro endinheirado.

Muitas empresas se beneficiariam com um apoio em yuans, várias delas têm bons ativos disponíveis a preços baixos que não necessariamente têm valor estratégico para a China.

Por isso, se os chefões das empresas estatais chinesas estão se dirigindo ao Rio de Janeiro, a São Paulo e a outras partes do Brasil em busca de bons negócios, e não para encher navios com matérias-primas e bens - sejam bem-vindos, porque há bastante oferta.