Títulos corporativos europeus atingem taxas mínimas após Brexit
(Bloomberg) -- As empresas europeias devem imensa gratidão a Mario Draghi.
Nunca foi tão barato captar em euros, mesmo após o tombo dos mercados depois que o eleitorado britânico votou pela saída da União Europeia. O rendimento médio dos títulos emitidos por companhias com grau de investimento e denominados em euros recuou para 0,9285% na quarta-feira (29), o mais baixo da série do índice do Bank of America Merrill Lynch, iniciada em 1998.
Os esforços do presidente do Banco Central Europeu para estimular o crescimento da região fizeram dos títulos corporativos de alta qualidade um porto seguro em meio à tempestade causada pelo Brexit na semana passada.
Os custos baixos de captação começaram a atrair empresas de volta ao mercado de títulos, após seis dias em que nenhuma emissão foi realizada, diante do referendo.
"Draghi é uma peça fundamental disso", disse Fraser Lundie, um dos responsáveis por crédito na Hermes Investment Management, em Londres, que supervisiona 24,1 bilhões de libras esterlinas (US$ 32,5 bilhões) em ativos. "Há um comprador significativo levando uma enorme quantia de títulos desse mercado. Está sendo visto como um porto seguro."
O BCE anunciou ter ampliado a compra diária de títulos corporativos para mais de 500 milhões de euros (US$ 556 milhões), comparado a 348 milhões de euros no primeiro dia do programa, em 8 de junho. A autoridade monetária comprou papéis de empresas como Volkswagen AG, Siemens AG (maior empresa de engenharia da Europa) e Anheuser-Busch InBev NV (maior cervejaria do mundo).
A Brown-Forman Corp. e a operadora ferroviária Deutsche Bahn AG estão oferecendo títulos em euros, um dia após a cervejaria Molson Coors Brewing Co. ter acabado com a paralisação das emissões corporativas ao colocar 800 milhões de euros no mercado.
Embora os tomadores de recursos se beneficiem das menores taxas em registro, o programa tem sido doloroso para investidores. O rendimento do título com prazo de 10 anos do governo alemão caiu para o menor nível histórico de menos 0,17% no dia seguinte ao referendo no Reino Unido, que provocou uma corrida por segurança.
Taxas negativas
"Dependendo do que aconteça no mercado de títulos soberanos, teoricamente, o rendimento médio dos títulos corporativos poderia ficar negativo", disse Lundie.
Aproximadamente 3,8 trilhões de euros em títulos com grau de investimento estão com rendimento abaixo de zero, comparado a 3,1 trilhões de euros no dia da votação e mais que o dobro da quantia de 1,8 trilhão de euros em papéis que pagavam taxas negativas seis meses atrás, de acordo com o índice Euro Broad Market do Bank of America Merrill Lynch, que inclui tomadores soberanos de recursos.
O fenômeno significa que os investidores vão receber menos do que pagaram por um título.
O prêmio médio exigido pelos investidores para deter títulos corporativos com grau de investimento em vez de dívida pública encolheu para 136 pontos-base, comparado a 140 pontos-base no dia anterior.
Rendimentos baixos são especialmente problemáticos para seguradoras e fundos de pensão, que precisam obter rendimento de pelo menos 1% para entregar o nível de retorno prometido aos detentores de suas apólices, explicou David Riley, que ajuda a supervisionar US$ 58 bilhões em ativos como estrategista de crédito da BlueBay Asset Management LLP, em Londres.
"Não é o patamar de rendimento com o qual os investidores de crédito estão acostumados, mesmo com os spreads a valor justo", disse Riley. "Os investidores estão se perguntando se desejam assumir risco de crédito nesse nível. Isso está levando os investidores a buscar retorno em dívidas dos EUA e até de mercados emergentes."
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