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Hong Kong tem fila de duas horas para comprar Nutella com seu nome no rótulo

Divulgação
Imagem: Divulgação

Daniela Wei e Frederik Balfour

24/08/2016 18h32Atualizada em 24/08/2016 19h19

(Bloomberg) -- Por que Lorraine Lam está esperando em uma fila de duas horas em um shopping chique de Hong Kong para comprar a mesma Nutella que os supermercados vendem por muito menos?

Porque ela quer imprimir o nome de um amigo dela na etiqueta.

A loja temporária da Nutella no shopping Pacific Place está repleta de consumidores dispostos a gastar 80 dólares de Hong Kong (cerca de R$ 33) por um pote de 350 gramas do doce de avelã com um toque personalizado. A marca da Ferrero está vendendo quase 1.000 potes por dia no balcão.

"Eu raramente venho ao shopping porque preciso gastar uma hora de ônibus para chegar aqui", disse Lam, uma estudante universitária de 21 anos. "Mas, desta vez, valeu a pena".

Nutella e Havaianas apostam em lojas temporárias

Como as vendas do varejo em Hong Kong estão caindo há 16 meses consecutivos, marcas como Nutella e Havaianas estão aproveitando a queda de preço dos aluguéis para abrir lojas temporárias em alguns dos luxuosos distritos de compras da cidade.

Ao mesmo tempo, as grandes lojas, como a Nike, estão tentando gerar mais fluxo chamando atenção dos frequentadores de shoppings para produtos novos ou edições limitadas.

"Os lojistas estão fazendo um esforço mais agressivo para se adaptar às mudanças da demanda de consumo, oferecendo produtos mais 'especiais' e de melhor qualidade", disse Angel Young, diretora administrativa da empresa de pesquisa de mercado Nielsen Hong Kong and Macau. "As lojas temporárias dão um novo entusiasmo aos consumidores".

Chineses em falta

Shoppings como o Pacific Place em Admiralty e o Harbour City, que se parece com uma caverna e pertence à Wharf Holdings, em Kowloon, contaram por muito tempo com um fluxo constante de compradores da China continental ávidos por bolsas Louis Vuitton e relógios Cartier.

Mas agora esses grandes esbanjadores estão trocando Hong Kong por Tóquio e Paris, e os consumidores menos endinheirados estão preocupados com a desaceleração da economia chinesa e com as tensões sociais e políticas da cidade, que culminaram com os violentos protestos Occupy.

O número de visitantes da China continental na cidade caiu pelo 13º mês consecutivo em junho, para 3,2 milhões, de acordo com o Conselho de Turismo de Hong Kong.

Isso está desencadeando uma queda nas vendas do varejo, que caíram quase 11% durante os primeiros seis meses do ano, de acordo com o governo de Hong Kong. As vendas em junho caíram 8,9%, mais que o estimado pelos analistas.

Em busca de clientes

Para amortecer esse impacto, donos de imóveis comerciais estão buscando novas formas de atrair mais gente aos shoppings. Eles estão concedendo espaço a marcas que normalmente não atendem aos consumidores de artigos de luxo e estão permitindo que as marcas já presentes façam experimentos.

"As lojas temporárias oferecem algo novo", disse Kitty Choy, diretora da unidade de varejo da Hysan Development. "O elemento-surpresa faz com que os consumidores fiquem ansiosos para descobrir: o que vai acontecer depois?".