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Duas autoridades do Fed discordam sobre riscos de taxas baixas

Matthew Boesler e Christopher Condon

31/08/2016 14h23

(Bloomberg) -- Duas autoridades do Federal Reserve (Fed) deram opiniões marcadamente diferentes sobre se a persistência de taxas de juros baixas poderia aumentar os riscos de instabilidade financeira, destacando as divisões dentro do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) antes de sua reunião em setembro.

O presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, afirmou em uma conferência na quarta-feira em Pequim que as expectativas de que os juros se mantenham baixos por muito tempo estão se consolidando entre os investidores, o que permite ao Fed adiar o aumento das taxas sem exposição ao perigo de causar instabilidade financeira.

"As expectativas para as taxas no longo prazo fornecem uma âncora para os juros no longo prazo", disse Evans no discurso. "Portanto, as expectativas de taxas mais baixas restringem o quanto os juros poderiam avançar após uma surpresa na trajetória da política no curto prazo".

Discursando na mesma conferência, o presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, advertiu que as avaliações altas de imóveis comerciais nos EUA representavam um risco para o setor bancário em caso de choque econômico.

"É possível antever um cenário onde os preços de imóveis comerciais poderiam recuar muito se os aluguéis básicos, as taxas de ocupação e os juros do mercado se tornarem menos favoráveis", disse ele. "Semelhante reavaliação, em combinação com uma depressão econômica, poderia piorar uma recessão mais do que ela teria sido se as autoridades monetárias tivessem normalizado os juros mais rapidamente".

Duas posições

O ponto central de debate sobre a política no FOMC é se o Fed precisa elevar as taxas antes que a inflação atinja sua meta de 2 por cento para reduzir os riscos de criar bolhas financeiras ou superar a inflação alvejada. Ambos os resultados poderiam obrigar o banco central a aumentar rapidamente os juros depois, o que poderia voltar a levar a economia para uma recessão.

Rosengren, que apoiou manter baixas as taxas para estimular a criação de emprego durante muito tempo, passou a se preocupar com a estabilidade financeira porque o desemprego, atualmente de 4,9 por cento, se aproximou do nível que segundo a maioria dos economistas acredita é o mais baixo sustentável, enquanto a inflação aumentou gradualmente.

'Não está isento de riscos'

"É provável que o duplo mandato do Federal Reserve -- preços estáveis e o máximo nível sustentável de emprego --seja atingido daqui a relativamente pouco", disse ele. "Normalizando lentamente os juros, esperaríamos continuar apoiando o crescimento. Contudo, manter baixas as taxas de juros por muito tempo não é algo isento de riscos".

Por outro lado, Evans é uma das autoridades que se mantém cética que o baixo nível de desemprego esteja fazendo muito para aumentar a inflação de volta para a meta de 2 por cento do Fed.

Evans mencionou reuniões recentes com executivos do setor de seguros de vida para fazer avançar o argumento de que ele e seus colegas deveriam esperar para subir os juros até a inflação atingir 2 por cento. Seu indicador preferido está abaixo dessa meta há mais de quatro anos, e a equipe do Fed estima que ele se mantenha assim durante pelo menos mais dois anos.

O presidente do Fed de Chicago disse que os executivos de investimento com que ele se reuniu "estão reavaliando o ambiente da curva de rendimentos e cada vez mais eles opinam que o crescimento persistentemente lento da produção nos EUA e no exterior poderia manter baixos os juros reais por um período de tempo longo; mais longo do que provavelmente eles achavam há um, dois ou certamente três anos".