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Robôs trabalham só um dia por ano em hedge fund cambial

Rebecca Spalding

31/08/2016 10h27

(Bloomberg) -- Assim como muitos hedge funds, o fundo cambial Macro Currency Group da Principal Global Investors usa modelos determinados por computadores para criar estratégias. A diferença é que suas máquinas só fazem apostas uma vez por ano.

Sempre em janeiro, as previsões econômicas de longo prazo dos computadores estabelecem as principais posições de negociação da instituição para os próximos 12 meses. Às vezes, as apostas não parecem lógicas na ocasião. No começo deste ano, os modelos projetaram apreciação do iene em relação ao franco suíço, embora os analistas estivessem prevendo pouca variação em 2016.

"Uma posição intensamente comprada em ienes no início do ano não era muito popular", lembra Ivan Petej, gestor de recursos e responsável por estratégia quantitativa da PGI, em Londres. Mesmo assim, ele diz que tinha confiança nos modelos. "O que mais me preocupava era quando iria acontecer."

Não demorou um ano. O iene acumula alta de 14 por cento em relação ao franco em 2016, devido à busca por segurança e a dúvidas em relação às políticas de estímulo do banco central japonês para impulsionar a inflação. Lidando com US$ 830 milhões, a estratégia global diversificada no tempo do fundo da PGI gerou retorno de 13,8 por cento neste ano e tem o terceiro melhor desempenho entre 30 fundos monitorados pelo Citigroup. O retorno é quase cinco vezes maior do que o ganho de 2,9 por cento até julho do índice cambial macro HFRI, calculado pela Hedge Fund Research.

O segredo de uma aposta feita apenas uma vez por ano é a seleção das métricas econômicas que os robôs acompanham - como produção industrial e outros indicadores antecedentes - e que determinam os movimentos das taxas de câmbio no longo prazo. Outro aspecto fundamental da estratégia é que os computadores da PGI não trabalham sozinhos. Ao longo do ano, a instituição conta com seres humanos liderados pelo gestor Mark Farrington para realizar negociações ao redor de eventos que produzem flutuações de curto prazo e também para ajustar o risco da carteira.

"Quem negociar essa cesta todo ano obtém uma referência para o crescimento global", disse Petej. "O negócio é feito uma vez por ano porque o horizonte de tempo para diferentes fatores - fatores que determinam múltiplos, crescimento e referências - é um horizonte de tempo anual. Tudo o que acontece dentro do ano, uma semana, seis meses, é tratado com um componente discricionário."

Estratégias de câmbio têm sido uma fonte de sucesso para o setor de hedge fund, que movimenta US$ 2,9 trilhões e enfrenta críticas dos investidores por causa de retorno decepcionante e taxas de administração elevadas. O índice agregado global hedge funds da Bloomberg subiu 1,2 por cento em 2016 e caminha para seu terceiro ano de retorno inferior a 2 por cento.

Petej, 40 anos e Ph.D. em Física pela Universidade de Oxford, entrou na PGI como analista de risco em 2006. Ele e Farrington viram necessidade de criar um fundo capaz de capturar o crescimento econômico mundial, mas que fosse além das estratégias tradicionais que incluem a tomada de empréstimo em países com juros baixos para compra de moedas de alto rendimento.

"Pensamos 'Não seria bom criar uma estratégia de referência em mercados cambiais que mirasse o crescimento global e tivesse horizonte de longo prazo?' Na época, não havia referências de verdade em câmbio."

Eles identificaram indicadores de crescimento por meio do teste retroativo de 20 anos de dados econômicos. A estratégia começou a ser testada em 2007 e entrou em vigor em 2011. O fundo tem retorno médio anual superior a 5 por cento desde que foi criado. A atribuição desse ganho é dividida de forma praticamente igual entre computadores e humanos, segundo a PGI.