IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Mundo apreensivo enfrenta realidade de Trump presidente dos EUA

Enda Curran e Ting Shi

09/11/2016 09h25

(Bloomberg) -- Um mundo atônito começou a fazer um esforço para lidar com o fato de que Donald Trump estará no comando da maior economia e do exército mais poderoso do mundo, e aliados dos EUA transmitem preocupação enquanto políticos de extrema direita expressam a esperança de que mudanças similares ocorram em todo o planeta.

De Paris a Pequim, representantes de governos misturaram na quarta-feira temores com um aumento do protecionismo e uma redução do apoio à segurança com promessas de trabalhar com o futuro governo Trump.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que o país tentará manter relações "sólidas e estáveis" com seu maior parceiro comercial. Populistas e eurocéticos, como Marine Le Pen, da França, elogiaram o resultado, ao passo que globalistas lamentaram a perspectiva de que os EUA se voltem mais para si.

Em uma grande reviravolta eleitoral, o republicano Trump se tornou o 45º presidente dos Estados Unidos. O resultado sacudiu os mercados globais enquanto governos, investidores e líderes empresariais tentavam entender como o relacionamento dos EUA com o mundo mudaria. A reação entre os chefes de governo foi uma mistura de cautela e surpresa.

A vitória de Trump "levanta muitas perguntas" sobre questões que vão desde o comércio ao Irã e à mudança climática, disse o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Marc Ayrault, em entrevista ao canal de televisão France2. "As coisas que ele disse foram preocupantes."

Durante a campanha, Trump ameaçou impor impostos punitivos às importações chinesas, descartar um pacto comercial regional e alterar alianças de segurança essenciais com o Japão e a Coreia do Sul. O Conselho de Segurança Nacional da Coreia do Sul planejou uma reunião para discutir o impacto dos resultados da eleição, informou o gabinete do presidente em uma mensagem de texto.

'Janela de oportunidade'

Konstantin Kosachyov, presidente do comitê de Assuntos Internacionais do Conselho da Federação -- câmara alta do parlamento russo -- disse no Facebook que os EUA de Trump "não devem ser subestimados. Mas uma janela de oportunidade se abriu".

O porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Lu Kang, disse em Pequim que ambos os lados se beneficiaram com o comércio bilateral. A China expressou confiança em que os dois países têm uma relação madura, capaz de lidar com questões, disse ele.

O povo americano "deu um tapa" no establishment, disse Yigit Bulut, assessor sênior do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, à estatal TRT. Essa sensação foi ecoada por Rajitha Senaratne, porta-voz do governo do Sri Lanka.

"É provável que Trump se concentre mais nos assuntos internos, e isso será bom para a paz mundial, que os EUA interfiram menos nas questões mundiais", disse ele. Consultado se Trump é racista, Senaratne disse: "Ele não é racista, ele é um nacionalista".