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Depois de Miami, Argentina encontra novo paraíso das compras

Laura Millan Lombrana

11/11/2016 11h47

(Bloomberg) -- As políticas do presidente Mauricio Macri desencadearam uma expansão das vendas do varejo. Infelizmente para o líder argentino, quem se beneficia é o vizinho Chile.

Desde que Macri assumiu a presidência e cancelou os controles cambiais em dezembro, os argentinos têm atravessado a fronteira para aproveitar as pechinchas dos shoppings de Santiago e de outras cidades chilenas.

A bonança não poderia ter chegado em melhor momento para o Chile, já que os três anos de crescimento econômico lento do país estão pesando sobre as vendas do varejo.

As lojas que dependem da demanda doméstica, como as de móveis, viram um declínio de vendas, enquanto produtos populares entre os argentinos, como computadores, telefones celulares e produtos da linha branca, registraram um salto nas vendas.

Os argentinos normalmente vão ao Chile para desfrutar das praias ao longo de sua costa. Mas, no ano passado, eles começaram a notar algo cada vez mais estranho -- tudo nas lojas chilenas estava pela metade do preço ou até mesmo mais barato do que na Argentina. O problema é que eles não tinham moeda estrangeira suficiente para fazer compras. Até a chegada de Macri.

Dias depois de assumir, o novo presidente argentino cancelou a obrigatoriedade de os argentinos pedirem aprovação à agência tributária para comprar uma quantidade limitada de dólares para viagens ou para economizar. As pessoas imediatamente correram para comprar moeda estrangeira, apesar de o peso ter caído até 30 por cento em relação ao dólar em um dia.

Quando conseguiram o dinheiro, os argentinos foram gastá-lo no Chile e o número de turistas subiu.

Não é difícil encontrar pechinchas no Chile em comparação com a Argentina. No Chile, uma TV de LED tela curva Samsung de 55 polegadas custa US$ 689 na loja de departamentos Falabella. A companhia vende o mesmo produto na Argentina por US$ 2.300.

O motivo é o rigoroso conjunto de regulações para importação da Argentina, que inclui a tarifa de 35 por cento aplicada a computadores, telefones celulares e outros eletrônicos, mais uma série de impostos menores.

O Chile, em contrapartida, possui 26 acordos comerciais com a China, os EUA e blocos como a União Europeia, o que significa que é possível encontrar qualquer marca que você quiser, e a um preço similar ao dos EUA ou da Europa.

"O Chile é a nova Miami", disse Marcelo Alonso, um consumidor argentino, no shopping Costanera Center, em Santiago. "É realmente como Miami, só que um pouco mais perto."