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África pode ganhar fábrica de smartphones após acordo com Google

Loni Prinsloo

05/12/2016 11h52

(Bloomberg) -- Uma startup de Johannesburgo está prestes a se tornar a primeira companhia da história a fabricar smartphones na África, tirando vantagem dos baixos custos e da crescente demanda local para produzir celulares, tablets e outros aparelhos baseados no sistema Android, do Google.

A Onyx Connect, empresa que conta com apoio privado e que captou 150 milhões de rands (US$ 10,8 milhões) de investidores, começará a produzir no primeiro trimestre, segundo seu diretor de vendas, Andre Van der Merwe. A companhia está licenciada para instalar softwares do Google, como Android e Chrome, em aparelhos vendidos sob sua própria marca ou nos produtos que fabrica para outras empresas.

"Estamos conversando com companhias para fabricar celulares, laptops e possivelmente TV box Android", disse Van der Merwe em entrevista. Essas negociações incluem o próprio Google e a Vodacom Group, a unidade sul-africana da Vodafone Group com sede em Johannesburgo, disse ele.

A Vodacom "daria boas-vindas à oportunidade" de oferecer aparelhos de alta qualidade na África do Sul, disse Jorge Mendes, executivo de vendas ao consumidor e distribuição da Vodacom, por e-mail, preferindo não comentar especificamente sobre a Onyx.

No caso do Google, a produção local estimularia as vendas na África, uma das poucas regiões nas quais o navegador da empresa não é líder absoluto. A unidade da Alphabet perde para o Opera, que respondeu por 39 por cento do tráfego web do continente em setembro, contra 32 por cento do Google Chrome, segundo a StatCounter Global Stats. Além de software, o Google produz aparelhos como os reprodutores de mídia Chromecast e os laptops Chromebook Pixel.

"Com a maioria dos africanos acessando a internet pela primeira vez em smartphones, é importante garantir a disponibilidade de aparelhos acessíveis para que as pessoas possam tirar proveito dos benefícios", informou o Google por e-mail.

Embora um iPhone ou Samsung Galaxy S7 de mais de US$ 600 seja proibitivo para a maior parte dos consumidores africanos, a Onyx afirma ser capaz de produzir um aparelho em Johannesburgo por cerca de US$ 30 com uma câmera e 1 gigabyte de memória. A companhia montará um centro de distribuição na Etiópia nos próximos 12 a 18 meses, disse Van der Merwe. Ele disse que o projeto criará 600 empregos.

A queda de cerca de 40 por cento no valor do rand sul-africano em relação ao dólar nos últimos cinco anos ajudou a abrir a porta. A desvalorização monetária barateou a mão de obra na economia mais industrializada da África e dificultou o acesso aos telefones importados da China ou de outras partes da Ásia. A maioria dos subsídios à fabricação desapareceu, limitando a disponibilidade de aparelhos na faixa de preço mais acessível de até 600 rands (US$ 42), segundo Arthur Goldstuck, diretor da empresa de pesquisa World Wide Worx em Johannesburgo.