Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Draghi mantém estímulos do BCE para lidar com os riscos de 2017

Jeff Black

09/12/2016 10h52Atualizada em 09/12/2016 12h20

(Bloomberg) -- O recado de Mario Draghi sobre seu programa de estímulo quantitativo, na quinta-feira, pode ser resumido em três palavras: menos é mais.

Negando veementemente que um processo de retirada gradual de estímulos ("taper") esteja em curso - ou que sequer foi discutido pelas autoridades --, o presidente do Banco Central Europeu reduziu o programa mensal de compra de títulos da instituição de 80 bilhões para 60 bilhões de euros (US$ 64 bilhões). Ele também acrescentou três meses de compras a mais do que os economistas previam e arrematou dizendo que o estímulo quantitativo essencialmente não tem data para acabar e que a inflação permanecerá fraca por muito mais tempo.

Diante da mensagem contraditória, os investidores correram para todo lado. Alguns se concentraram na limitação do QE no curto prazo, enquanto outros comemoraram a injeção adicional de liquidez. Mas, em última instância, o programa de 1,14 trilhão de euros iniciado em 2015 se transformou em uma febre de compras de pelo menos 2,28 trilhões de euros, que poderá proteger os investidores do campo minado representado por eleições na Europa no ano que vem.

"Draghi corretamente colocou o foco na expansão do tamanho do balanço patrimonial", disse Marchel Alexandrovich, economista sênior para a Europa da Jefferies International, em Londres. "O QE ainda não é finito e não há redução à vista."

Mesmo se as compras mensais de títulos cessarem, o impacto sobre o balanço patrimonial vai permanecer por muito tempo. Um exemplo é o banco central americano, o Federal Reserve. Três anos após o anúncio do início do "taper" para seu próprio QE, o total de ativos do Fed está praticamente inalterado em relação ao recorde de US$ 4,5 trilhões, ou quase um quarto do PIB dos EUA.

Presença sustentada

Se tudo o mais constante, o último comunicado do BCE vai ampliar seu balanço patrimonial para 4,1 trilhões de euros, ou quase 40 por cento do PIB da zona do euro.

"A extensão de nossas compras durante um horizonte mais longo permite presença mais sustentada no mercado e, portanto, uma transmissão mais duradoura de nossas medidas de estímulo", disse Draghi durante entrevista coletiva em Frankfurt. O objetivo é "preservar uma quantia muito substancial de suporte monetário que é necessária para garantir a volta a índices de inflação abaixo, porém próximos, de 2 por cento, sem demora indevida."

Ele reforçou o recado ao afirmar que as novas projeções econômicas --que sugerem alta média nos preços ao consumidor de 1,7 por cento em 2019-- "não estão realmente" em linha com esse objetivo.

Ainda assim, houve queda dos títulos públicos. Os investidores interpretaram o corte no fluxo mensal como sinal de que o BCE cedeu aos desejos dos integrantes mais conservadores de seu Conselho Geral, embora Draghi tenha anunciado mudanças técnicas que permitem ao BCE comprar dívidas de prazo mais curto e títulos que rendem menos do que a taxa de depósito, o que era restrito anteriormente.

Reforçando opiniões de que o BCE está diminuindo esforços, o integrante do Comitê Executivo Benoît Coeuré declarou, nesta sexta-feira, que as decisões do BCE continham "uma forma de alerta".

"Isso não vai durar para sempre, não pode durar para sempre", disse Coeuré em entrevista à rádio Europe 1. "Fontes de crescimento que não são dependentes da política monetária precisam ser encontradas. Os juros de longo prazo vão subir. Os agentes econômicos precisam estar prontos, notavelmente os governos que se beneficiaram muito da queda de juros."