Deutsche pode usar private equity em acordo judicial nos EUA
(Bloomberg) -- Como parte do acordo de US$ 7,2 bilhões com o governo americano, o Deutsche Bank supostamente precisa ajudar pessoas que contraíram financiamentos imobiliários. O maior banco alemão considera uma abordagem incomum para cumprir essa exigência: conceder empréstimos a firmas de private equity e fundos de hedge.
Atormentado durante o ano passado por questionamentos sobre seus níveis de capital, o banco estuda novas formas de evitar o uso de seu balanço patrimonial para comprar dívidas imobiliárias podres que podem ser parcialmente perdoadas. A informação é de uma pessoa com conhecimento do assunto que pediu anonimato porque as discussões não são públicas. Uma opção na mesa é conceder empréstimos a firmas como a Lone Star Funds, especializada em comprar financiamentos imobiliários de recebimento duvidoso em leilões promovidos pelo governo e então reduzir as obrigações dos consumidores. Amanda Williams, uma porta-voz do Deutsche Bank, se recusou a comentar.
Os termos preliminares do acordo com o Departamento de Justiça dos EUA incluem US$ 4,1 bilhões em medidas de alívio para tomadores de empréstimos ao longo de pelo menos cinco anos. O banco ainda está finalizando o acordo para encerrar uma investigação de anos das autoridades americanas sobre sua atuação no mercado de títulos lastreados em hipotecas.
Não está claro se o governo permitirá que o banco receba crédito nessa exigência por meio do financiamento desses recursos, segundo a fonte. Outros bancos que entraram em acordo com o governo americano compraram empréstimos ou receberam crédito por modificar os empréstimos que elaboraram, mesmo que não fossem mais credores dos mesmos.
"Emprestar dinheiro para private equity ou fundos de hedge comprometeria uma quantia de capital vastamente menor do que absorver um instrumento podre no balanço patrimonial e dar baixa contábil para praticamente zero", disse Piers Brown, analista do Macquarie Bank. "A questão é se o Departamento de Justiça vai aceitar isso. Eles aceitaram muitas manobras dos bancos antes e seria estranho se ficassem mais rígidos com o Deutsche Bank."
Alívio para os endividados?
Se o Deutsche Bank tomar esse caminho e o governo aprovar, podem surgir protestos de ativistas de direitos do consumidor, que argumentam que os bancos não fizeram o bastante para ajudar os endividados. Os investidores não tiveram dificuldades para levantar recursos para comprar empréstimos podres das agências Fannie Mae e Freddie Mac e o governo não precisa incentivar os bancos a financiar esses lances, disse Julia Gordon, diretora-executiva do Fundo Nacional de Estabilização Comunitária, uma organização sem fins lucrativos focada em moradia.
O banco também pode tentar obter crédito por financiamentos anteriores concedidos a investidores como firmas de private equity, de acordo com a fonte. O Departamento de Justiça se recusou a comentar.
O acordo com o Deutsche Bank seria mais um na série que envolveu diversos bancos acusados de excessos no mercado de títulos garantidos por hipotecas, que ajudaram a inflar a bolha do mercado imobiliário dos EUA. O Departamento de Justiça extraiu mais de US$ 50 bilhões dos bancos nesses acertos. O trato com o banco alemão tem um percentual maior de alívio para os consumidores do que os outros. Isso ajudou a impulsionar as ações da instituição quando o acordo foi anunciado, no final do mês passado.
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