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Queda de temperatura na Europa provoca caçada por GNL

Kelly Gilblom e Anna Shiryaevskaya

10/01/2017 16h17

(Bloomberg) -- O ano começou com uma forte onda de frio, o que significa que a Europa terá que pagar um valor excedente por seu aquecimento.

Da França à Grécia, os países europeus saem perdendo na busca por carregamentos de gás natural liquefeito em meio à onda de frio porque os navios se dirigem aos consumidores asiáticos, dispostos a pagar um preço mais elevado para atender o pico da demanda do inverno. A falta de GNL levou os operadores da rede de energia da França a pedirem o fornecimento de mais combustível pelos terminais do sul e a emitir alerta máximo sobre a oferta pelo segundo dia. Houve escassez na Turquia e a Espanha também ampliou o uso de gás.

É um sinal dos tempos. A expansão do comércio de gás natural liquefeito permitiu que o combustível deixasse os mercados regionais convencionais e se transformasse em uma commodity global. Apesar de ter nivelado o acesso ao gás em todo o mundo, o crescimento prejudicou alguns compradores ao aumentar a concorrência entre os consumidores durante os períodos de maior demanda.

"É incrível o que um pouco de frio faz", disse Trevor Sikorski, analista da empresa Energy Aspects, por e-mail. "Todos os mercados querem gás na hora."

Os compradores da região Nordeste da Ásia, os maiores consumidores, estão pagando o maior valor em dois anos, de cerca de US$ 9,90 por milhão de unidades térmicas britânicas (BTU), pelos carregamentos de GNL à vista embarcados no Catar ou nos EUA. Isso significa que os países europeus, onde os preços têm sido normalmente mais baixos, precisam pagar um valor excedente. Os preços Henry Hub do gás no sul da França quase dobraram nos últimos 30 dias, para cerca de US$ 11,40 por milhão de BTUs em 9 de janeiro na bolsa Pegas, em Paris, o nível mais alto já registrado.

O salto é o resultado do clima frio em todo o Hemisfério Norte, que aumenta o consumo do combustível usado para aquecimento. As temperaturas no sul da Europa poderiam cair para -9 graus Celsius negativos na terça-feira, contrastando com a média de 10 anos de 1,5 grau Celsius positivo, enquanto as temperaturas na Europa Central poderão cair para 7,4 graus Celsius negativos, segundo dados da Weather Co.

A Europa ampliou as importações por meio de dutos de países fornecedores como a Rússia, e a Gazprom, que tem sede em Moscou, está exportando um volume recorde para a região. Como os volumes exportados por meio desses dutos estão mais próximos do limite de capacidade, os compradores estão fazendo fila pelo número limitado de carregamentos de GNL disponível.

A GRTgaz, operadora da rede francesa, emitiu alerta máximo sobre a oferta de gás no sudeste do país na segunda-feira, exortando seus portos do Mediterrâneo a fornecerem mais GNL. A Turquia foi forçada a pedir que os produtores locais de energia reduzissem o consumo de gás em 90 por cento.