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Sinais de queda do barril colocam acordo da Opep em xeque

Alex Longley

10/03/2017 11h59

(Bloomberg) -- A estratégia da Organização dos Países Exportadores de Petróleo para equilibrar o mercado e impulsionar os preços enfrenta seu maior teste.

A Opep tenta alterar a dinâmica do mercado ao reduzir o excesso de estoques que vem deprimindo os preços desde 2014. No final de novembro, o grupo anunciou um acordo para reduzir a produção, com o objetivo de diminuir os estoques mundiais. O efeito colateral foi o aumento da produção pelos EUA e a disparada dos estoques do país para o maior nível até hoje. Assim, a cotação do barril devolveu boa parte dos ganhos logrados depois do anúncio.

O foco agora está nos próximos passos da Opep. Seis questões embasam a provável direção do mercado de petróleo.

1. Rompimento do piso de US$ 50

Na quarta-feira, os barris do tipo WTI e Brent sofreram as maiores quedas em um ano. O piso de US$ 50 foi rompido pela primeira vez desde dezembro. "O mercado ficará no limbo por alguns dias, a questão é até que ponto pode cair", disse Richard Fullarton, fundador da Matilda Capital Management, fundo de hedge de Londres voltado para commodities. "Tem havido tanto esforço da Opep e de países de fora da Opep para mostrar cumprimento rigoroso que seria estranho reverter isso agora."

2. Colapso da curva

O objetivo dos cortes de oferta é fazer o mercado migrar para uma estrutura chamada backwardation: preços no curto prazo com prêmio sobre preços de prazo mais longo. Isso aumentaria as receitas da Opep e limitaria as receitas de concorrentes.

No entanto, a diferença de preços entre o barril do tipo WTI para entrega em dezembro de 2017 e dezembro de 2018 voltou para a estrutura oposta, conhecida como contango. Os nove contratos do tipo Brent de prazo mais imediato estão na mesma situação.

3. Opções refletem pessimismo

Os mercados de opções também mostram maior pessimismo em relação aos preços futuros. A diferença entre o custo dos contratos pessimistas e otimistas (chamada skew) migrou decisivamente a favor da queda de preços. Na quarta-feira, o volume de opções de WTI negociadas na Nymex foi o maior em registro, refletindo a busca por proteção de curto prazo contra o tombo dos preços. A queda da cotação para abaixo dos níveis de novembro era a última coisa que a Opep queria quando aceitou cortar a produção.

4. A volta dos vendedores

O recuo dos preços pode estar atraindo mais investidores que vendem a descoberto, o que também prejudica o esforço da Opep para elevar os preços. O número de contratos em aberto de WTI voltou a se aproximar dos maiores níveis históricos diante da queda do barril na quarta-feira, sinalizando apostas adicionais no declínio da cotação. "A narrativa de cortes na produção não tem tanto impacto quanto esperavam os que assinaram o acordo", disse Gerrit Zambo, trader da BayernLB.

5. Problemas técnicos

E como se não bastasse tudo isso, o cenário técnico não ajuda. Na quarta-feira, os contratos de Brent e WTI encerraram abaixo de suas médias móveis em 50 e 100 dias. Na quinta, recuaram mais na direção da métrica de 200 dias.

6. Longe demais, rápido demais?

Embora as principais médias móveis mostrem queda livre, índices de impulso começam a sinalizar algum alívio. Brent e WTI fecharam abaixo do piso dos intervalos de Bollinger na quarta-feira e permaneceram abaixo desses níveis na quinta-feira, sinal de que o declínio pode ter sido exagerado. Segundo o Índice de Força Relativa, o WTI ficou próximo do território de venda exagerada e o Brent se aproximou dessa marca.