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Ilha asiática diminuta pode ter chave para o futuro da energia

Dan Murtaugh

25/05/2017 14h22

(Bloomberg) -- Em uma pequena ilha no litoral sul de Cingapura, uma empresa de energia francesa está experimentando com o que, segundo ela, será o futuro do armazenamento de energia renovável.

A Engie está construindo uma rede elétrica pequena e autossuficiente na ilha Semakau para demonstrar a utilidade do gás de hidrogênio na conversão da energia intermitente dos painéis solares e turbinas eólicas em combustível armazenado capaz de gerar eletricidade dias ou até mesmo meses depois, quando houver mais necessidade.

A forte queda dos custos da energia solar e eólica está ajudando a energia renovável a roubar uma fatia cada vez maior do mercado de geração de eletricidade dos combustíveis fósseis como petróleo e carvão. Isto torna cada vez mais vital descobrir como espalhar os surtos breves, mas intensos de energia obtidos com o sol e o vento para as necessidades mais difusas dos consumidores.

Embora até agora o armazenamento em baterias tenha recebido a maior parte das atenções, o hidrogênio tem um "potencial enorme no longo prazo", disse Didier Holleaux, vice-presidente executivo da Engie.

"As baterias servem para períodos menores do que um dia, para umas poucas horas", disse Holleaux em entrevista de Singapura. "Mas se você produzir energia no verão e precisar no inverno, ou precisar que ela dure em alguns dias nublados, então a solução natural seria o hidrogênio."

Custos

Contudo, para serem uma solução, os custos de armazenamento com hidrogênio teriam que diminuir muito. Um sistema de armazenamento de energia com hidrogênio custa cerca de 10 vezes a mais do que um gerador de apoio diesel com uma produção de eletricidade semelhante, segundo uma apresentação da Toshiba na World Smart Week em Tóquio em março.

Basicamente, o armazenamento com hidrogênio é um processo com três etapas: a eletricidade ativa um processo químico conhecido como eletrólise, que divide água em hidrogênio e oxigênio. Depois, o hidrogênio é armazenado até ser necessário e então é bombeado pelas células de combustível para gerar eletricidade.

O principal obstáculo para a viabilidade comercial é o processo de eletrólise, disse Holleaux. Fabricantes estão tentando diminuir o custo e aumentar a eficiência do equipamento para dividir água, mas provavelmente demorarão 10 a 15 anos, disse Holleaux.

Potencial

O projeto na ilha Semakau, do qual a Engie participa com a Nanyang Technological University, de Singapura, e a francesa Schneider Electric, visa construir microrredes elétricas para demonstração que integrem energia eólica, solar, de marés e diesel ao armazenamento para fornecer eletricidade a comunidades em ilhas pequenas não conectadas a usinas tradicionais.

Projeta-se que a microrrede comece a operar por volta de outubro e que capacidades de armazenamento de hidrogênio sejam adicionadas no ano que vem, disse Holleaux.

A Engie vê grandes oportunidades para essas microrredes no Sudeste Asiático, especialmente no arquipélago da Indonésia, onde quase 1.000 ilhas têm populações sem acesso a usinas elétricas tradicionais.

"É uma região aberta à inovação", disse Holleaux. "Muitos países estão prontos para o salto direto de nenhum tipo de eletricidade para um tipo de eletricidade totalmente descentralizado, em vez de passarem pela rede tradicional centralizada e interconectada."