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Gestoras enfrentam menor comissão e envelhecimento da clientela

Ivan Levingston

28/06/2017 13h23

(Bloomberg) -- As gestoras de patrimônio da América do Norte enfrentam queda nas comissões, falta de novos clientes e pouca perspectiva de crescimento, uma vez que os investidores jovens andam rejeitando instituições de varejo que oferecem serviço completo.

Embora a fase de alta nas bolsas tenha levado o total de ativos sob gestão para um recorde em 2016, os consultores na América do Norte receberam menos dos clientes no ano passado e a comissão média diminuiu, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira pela PriceMetrix, que é uma divisão da McKinsey.

"O ambiente é realmente desafiador", disse Patrick Kennedy, diretor de clientes da PriceMetrix. "Obviamente ocorre uma dinâmica no setor que coloca em xeque os consultores e o valor deles neste momento."

Instituições de gestão de patrimônio voltadas para clientes de varejo tentam combater a ascensão dos fundos de índice de baixo custo e dos consultores-robôs, que permitem a criação de carteiras online por uma fração do que cobram as firmas tradicionais. Esses vetores podem intensificar a consolidação no setor e a contração das margens de lucro, segundo pesquisa feita em dezembro junto a líderes do ramo.

Em um ano no qual o MSCI All Country World Index deu retorno de 8,5 por cento, a receita por consultor caiu 1 por cento para US$ 583.000 em 2016. O número de transações com ações passíveis de comissão caiu para o menor nível em registro de 214 por consultor no ano passado, ou 22 por cento a menos do que em 2013, segundo a PriceMetrix.

'Base saudável'

O relatório descreve um setor que enfrenta desafios, mas também cita motivos para otimismo. A média de ativos sob gestão por consultor subiu 6 por cento para um recorde de US$ 92 milhões em 2016. Os clientes também aprofundaram o relacionamento com seus consultores, dado que o número de contas por família bateu recorde e o número de famílias com conta única caiu para o menor nível em registro de 41 por cento.

"Queremos que o crescimento volte, mas neste momento o crescimento vem a partir de uma base muito saudável", disse Kennedy, se referindo aos consultores.

As gestoras de patrimônio enfrentam dificuldades, mas suas ações acompanharam o mercado em geral. Nos últimos cinco anos, um índice da S&P que inclui gestoras de ativos e bancos de custódia avançou 94 por cento e superou o S&P 500.

O relatório da PriceMetrix mostra um grande distanciamento entre firmas de bom desempenho e aquelas que estão penando. Para o quartil superior de consultores, a receita aumentou 26 por cento, na média, enquanto o quartil inferior lidou com queda na receita de 17 por cento em 2016.

No geral, a comissão do setor como percentual dos ativos diminuiu para 1,13 por cento no ano passado, após um período de estabilidade. Segundo o relatório, a queda pode refletir a pressão oriunda de novos concorrentes, como os consultores-robôs.

Embora a tecnologia pressione o setor, Kennedy explica que também ajuda os consultores humanos a darem mais atenção aos clientes, o que é importante para o crescimento. Porém, uma grande preocupação deles é atrair clientes mais jovens.

Clientes envelhecem

A geração de Baby Boomers, nascida entre 1946 e 1965, é responsável por metade dos ativos sob gestão do setor, de acordo com o relatório. A parcela dos clientes que nasceram antes de 1945 agora chega a 40 por cento. No entanto, a geração X (nascida entre 1966 e 1980) representa somente 8 por cento dos ativos e os que nasceram desde então, os millennials, são donos de apenas 2 por cento do dinheiro administrado por firmas de varejo de serviço completo.

Para a PriceMetrix, a estagnação no nível de clientes da geração X é "preocupante". Segundo a empresa, "atrair esse grupo de clientes, muitos dos quais já entraram no auge do período de geração de renda e poupança, será vital para o crescimento contínuo do setor nos próximos 20 anos".