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Petroleiras aceleram eliminação de campos de petróleo antigos

Rakteem Katakey

10/07/2017 10h24

(Bloomberg) -- A disputa por supremacia entre a Opep e as empresas exploradoras de xisto nos EUA está eliminando os campos de petróleo mais antigos ao ritmo mais rápido em quase um quarto de século. Isso poderia prejudicar o setor após a eliminação do excedente atual.

Os três anos de queda nos preços desencadeada pela batalha por participação de mercado sufocou os recursos para depósitos de petróleo antigos em outras partes, acelerando seu declínio. A produção nos campos mais antigos, da China à América do Norte -- que constitui um terço da oferta mundial --, caiu 5,7 por cento no ano passado, maior declínio desde 1992, segundo a Rystad Energy. O ritmo cairá cerca de 6 por cento em 2017 se o petróleo continuar com o nível atual de preço, segundo a consultoria.

O petróleo caiu de mais de US$ 100 o barril em 2014 para apenas US$ 26 em 2016 depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) elevou o ritmo para conter o rápido crescimento da produção de xisto. Isso desencadeou a pior desaceleração do setor em uma geração, forçando as empresas a reduzirem custos para se concentrarem em ativos de margem mais elevada à custa de campos mais antigos e caros. A Opep mudou de tática no ano passado e passou a limitar a produção para elevar os preços, mas o xisto acabou sendo o principal beneficiário e o ressurgimento da produção dos EUA manteve o barril de petróleo abaixo de US$ 50.

"O foco está, em grande parte, na Opep e no xisto, e não no declínio desses campos antigos, nos quais a oferta está em dificuldades", disse Espen Erlingsen, sócio da Rystad, que tem sede em Oslo. "Estamos começando a ver o impacto de longo prazo dos preços menores do petróleo."

A produção global total continua aumentando com os novos projetos, mas a queda dos campos antigos pode ajudar a Opep a reduzir a oferta excedente atual, segundo Erlingsen. O perigo para as grandes petroleiras -- muitas das quais se reúnem em Istambul nesta semana para o Congresso Mundial do Petróleo -- é que o declínio seja difícil de reverter, o que aumenta o risco de déficits futuros de oferta quando os cortes nos investimentos gerarem reflexos nos próximos anos.

"Cerca de US$ 1 trilhão em investimentos foram perdidos com a crise atual", disse o CEO da Saudi Aramco, Amin Nasser, na segunda-feira, no Congresso. "As estimativas conservadoras sugerem que precisaremos de cerca de 20 milhões de barris adicionais por dia nos próximos cinco anos."

A explicação central para essa tendência é a China, cujos campos antigos fornecem cerca de metade da produção total, disse Rystad. Os volumes desses depósitos caíram 9,5 por cento no ano passado, o triplo do ritmo de 2015. Mesmo nos EUA, onde o xisto ganhou destaque, cerca de um terço da produção vem de campos que começaram a ser bombeados no século passado. A oferta deles caiu 8,3 por cento em 2016 e 11 por cento em 2015, contra uma média de 4,1 por cento nos cinco anos anteriores, mostram dados da Rystad.

(Atualizações com o comentário Saudi Aramco no sexto parágrafo.)

Versão em português: Patricia Xavier em Sao Paulo, pbernardino1@bloomberg.net.

Repórter da matéria original: Rakteem Katakey em Londres, rkatakey@bloomberg.net.