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Sucesso de fazenda de cânhamo mostra potencial nos EUA

Kate Krader

11/07/2017 13h43

(Bloomberg) -- Conheça os produtores de cânhamo dos EUA.

Antes de fundar a JD Farms, Mark Justh era diretor administrativo do JPMorgan Chase & Co. na Ásia. O cofundador Dan Dolgin trabalhava com contraterrorismo para várias agências em Washington.

Agora, eles são sócios na empresa de cânhamo. A JD Farms se especializa em produtos alimentícios de alta qualidade - entre eles, diversas folhas jovens para saladas, massas e azeite prensado a frio - e está se transformando em uma sensação culinária nos EUA.

Localizada em Eaton, Nova York, uns 48 quilômetros ao sudeste de Syracuse, a JD Farms é a primeira fazenda de cânhamo legalizado em Nova York em mais de 80 anos. Ela foi estabelecida em 607 hectares de terras com certificação orgânica, adquiridas por Justh em 2008, quando ele se interessou por agricultura sustentável. "Existia uma infraestrutura agrícola tremenda", diz Justh sobre o potencial que ele viu. "A região tinha sido uma área importante de laticínios, mas as fazendas estavam descuidadas. Os preços das commodities leiteiras eram um desafio para a economia local."

No começo, ele planejava plantar produtos orgânicos; o cânhamo ia ser apenas a safra de cobertura, como proteção contra ervas daninhas. Contudo, "o cânhamo começou a ficar muito interessante", diz ele. "Depois Dan se envolveu, e nós vimos o potencial do cânhamo como produto alimentar."

Experiência

Dolgin é um veterano do Escritório do Diretor de Inteligência Nacional e do Centro Nacional de Contraterrorismo, ambos de Washington, que cansou de trabalhar no governo. Ele estava trabalhando em projetos de segurança cibernética em Nova York quando conheceu Justh. "Eu era um menino judeu de Long Island", diz Dolgin. "Gosto da ideia de gerar um impacto em uma comunidade abatida de Nova York e de ver a agricultura de outro modo. Começamos a considerar o cânhamo. Por causa de meu passado em órgãos regulatórios, eu sabia como o governo funciona - e como não funciona."

Justh, por sua vez, viu as possibilidades financeiras. "Já tinham proposto o cultivo da maconha com fins medicinais. Mas pensei no que eu poderia produzir para ter uma vantagem competitiva, para concorrer com o Centro-Oeste e com a Ucrânia. Percebi que era uma questão de regulamentação governamental. E meu sócio sabe muito de questões regulatórias."

Embora seja confundido constantemente com a cannabis e venha da mesma planta, o cânhamo não é o mesmo produto. A maconha é cultivada para incluir quantidades potentes de THC, ao passo que o cânhamo só tem vestígios - ele contém menos de 0,3 por cento do alucinógeno. "Você pode fumar um campo de futebol de cânhamo e não ficar drogado; você só ficaria com dor de cabeça", diz Dolgin. Contudo, ao plantar suas primeiras sementes, a JD Farms precisou contar com um segurança armado (enquanto não forem plantadas no solo, sementes de cânhamo são consideradas um narcótico do nível I, segundo Dolgin).

A planta de cânhamo é conhecida tradicionalmente por ser usada em tecidos e cordas. Isso se deve à sua força: após umas três semanas de crescimento, uma haste de cânhamo fica tão sólida que é quase inquebrável, porque as fibras são muito longas e resistentes. No entanto, para produtos culinários, as sementes é que são importantíssimas. Após serem prensadas para produzir azeite, o derivado resultante pode ser processado para gerar uma farinha com a qual é possível criar produtos como massas. A JD Farms também começou a cultivar folhas jovens de cânhamo para fazer misturas para saladas.

Em agosto, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, assinou o projeto de lei que legaliza a venda da safra da JD Farms. Em seu discurso sobre o estado do Estado, pronunciado em janeiro, o governador observou que o cânhamo tinha potencial para se transformar em um setor bilionário em Nova York. A aposta da JD Farms tinha dado frutos.