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Sistema de votação mais avançado do mundo terá defesa reforçada

Ott Ummelas

18/07/2017 10h52Atualizada em 21/07/2017 09h49

(Bloomberg) -- A Estônia, único país do mundo onde os eleitores elegem seus líderes por meio de votação on-line, está tomando medidas para evitar potenciais ataques de hackers em meio à intensificação dos temores com a segurança cibernética.

Uma reformulação de software para o sistema, que foi introduzido em 2005, está pronta para testes antes das eleições locais, em outubro, segundo Tarvi Martens, chefe de votação eletrônica do Comitê Eleitoral Nacional. A atualização inclui recursos anti-adulteração conhecidos como verificabilidade ponta a ponta e atende preocupações de segurança de grupos como a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE, na sigla em inglês), disse ele.

"A verificabilidade ponta a ponta é o 'Santo Graal' da votação eletrônica", disse Martens neste mês em entrevista por telefone. "Quando falamos sobre críticas internacionais, o novo software agora as aborda."

O país do Báltico de 1,3 milhão de habitantes -- um polo tecnológico que ajudou a criar o Skype, aloja o centro de defesa cibernética da Otan e apresenta 99 por cento das declarações de impostos pela internet -- está em alerta depois que os EUA disseram que a Rússia hackeou a eleição presidencial de 2016. A Estônia, que integrou a União Soviética a contragosto durante 50 anos, culpa o Kremlin por um enorme ataque cibernético ocorrido há 10 anos que desabilitou websites do governo, da imprensa e de bancos por horas. A Rússia nega envolvimento nos incidentes nos EUA e na Estônia.

Risco à credibilidade

Quase um terço dos votos foram emitidos de forma eletrônica nas eleições gerais de 2015 da Estônia, mas o primeiro-ministro Juri Ratas disse na semana passada em entrevista que "é necessário um trabalho diário para melhorar a segurança, porque qualquer violação afetaria a credibilidade de todo o sistema".

Em 2014, um grupo de especialistas liderado por Alex Halderman, professor da Universidade de Michigan, nos EUA, recomendou a "retirada imediata" da votação on-line da Estônia, citando "grandes" riscos à segurança. A OSCE exortou a Estônia a garantir a verificabilidade ponta a ponta no ano seguinte. Alguns membros do Partido do Centro, o do governo, querem que a votação eletrônica seja eliminada.

Para votar, os eleitores precisam de uma carteira de identidade e devem passar por dois níveis de verificação protegidos por códigos de acesso. A Autoridade do Sistema de Informação da Estônia, que supervisiona a segurança cibernética do governo, afirma que o sistema não pode ser violado e Martens diz que a autenticação versátil e a adaptabilidade a diferentes tamanhos de grupos de eleitores mostram que outros países poderiam usar o sistema.

O sistema da Estônia é muito diferente do americano, segundo Martens. Os ataques nos EUA tiveram, por exemplo, incursões em bancos de dados de eleitores e sistemas de software.

"Os problemas nos EUA não se concentram na votação pela internet -- e sim nas máquinas de votação", disse Martens. "Há muitas máquinas e ninguém consegue supervisionar o software que está em cada uma. Com a votação on-line, há um único software que pode ser controlado."