IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Irmão do presidente do Congo ganha milhões com empresas no país

Tom Wilson

19/07/2017 14h20Atualizada em 21/07/2017 09h39

(Bloomberg) -- Zoé Kabila, irmão do presidente congolês Joseph Kabila, é dono de um império empresarial que abrange tudo, do turismo à mineração.

Suas empresas venderam diamantes, foram donas de um hotel de luxo no litoral atlântico do Congo, construíram estradas, investiram em agricultura, montaram uma franquia de comida rápida e imprimiram carteiras de motorista, segundo uma análise de relatórios corporativos obtidos pela Bloomberg. Além disso, há contratos com a Ivanhoe Mines e uma parceria com a Nzuri Copper.

Os negócios de Zoé, assim como o de seus irmãos, renderam centenas de milhões de dólares para o clã Kabila, descobriu uma investigação da Bloomberg em dezembro. Seu pai, o ex-presidente congolês Laurent-Désiré Kabila, teve pelo menos 25 filhos, de acordo com uma biografia publicada em 2003. No ano passado, uma de suas irmãs, Jaynet, membro do Parlamento, assim como Zoé, tinha uma participação na unidade local da empresa de telefonia celular Vodacom Group. Gloria, outra irmã e designer de moda, tinha uma participação de 40 por cento em um dos maiores bancos do país.

Os interesses comerciais permeiam a economia, tornando difícil que as corporações operem sem entrar em contato com um membro da família Kabila. Zoé, 38, voltou para o Congo em 2001, quando o irmão se tornou presidente após o assassinato do pai. Ele abriu pelo menos 12 empresas desde então, segundo relatórios corporativos disponíveis ao público.

A lei congolesa não proíbe que os membros da família do presidente se envolvam em negócios privados. Desde que se tornou membro do Parlamento em 2011, Zoé foi obrigado a aderir a um código de conduta para as autoridades do Estado e a divulgar seus ativos e atividades comerciais.

Negócios

Zoé divulga algumas de suas atividades comerciais, como o hotel de luxo de propriedade de sua empresa Cosha Investment Sarl, mas seus negócios com alguns dos maiores investidores do Congo foram revelados pela primeira vez na análise dos relatórios corporativos realizada pela Bloomberg.

Zoé não estava disponível ao longo dos mais de dois meses em que a Bloomberg pediu comentários por meio de intermediários.

Com sua participação de 90 por cento na Cosha, Zoé também já foi dono de participações em uma empresa aérea e na franquia congolesa da rede de comida rápida Nando's Group, e controlava oito licenças de mineração de diamantes, ouro e pedra calcária, mostram relatórios corporativos e registros do Cadastro de Mineração do Congo obtidos pela Bloomberg.

Outra companhia, a Number One Contracting, fundada por Zoé com um sócio, foi a quarta maior construtora do Congo de 2003 a 2008, com uma receita média de US$ 14 milhões por ano, segundo um relatório do Banco Mundial.

Em uma incursão inicial no setor internacional de mineração, em junho de 2007 a Cosha adquiriu uma participação de 90 por cento na empresa La Générale Industrielle et Commerciale au Congo Sarl (GICC), fundada no mesmo ano por Theophas Mahuku, sócio de Zoé em pelo menos sete de suas empresas. Seis meses depois, a Moto Goldmines, com sede em Toronto, contatou a GICC para ajudar a obter "todas as aprovações e alvarás governamentais necessários para permitir o desenvolvimento" do depósito de ouro de Kibali, de 11 milhões de onças, no nordeste do Congo, de acordo com um anúncio da Moto no mercado de ações.

Durante muitos anos, Joseph não deu trabalho na política à família, portanto eles não tinham muitas opções além de fazer negócios, disse Mahuku, o que explica o envolvimento deles em mais de 70 empresas identificadas pela Bloomberg no ano passado.

"Os membros da família tinham que achar alguma coisa para fazer, uma forma de viver, e naquele momento eles me perguntaram: 'Theo, podemos abrir uma empresa?'", disse ele.

--Com a colaboração de Franz Wild Michael J. Kavanagh e Samuel Dodge