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Executiva da BP alerta que Opep precisa estender reduções

Javier Blas e Heesu Lee

25/09/2017 12h06

(Bloomberg) -- A Opep e seus aliados precisarão prolongar os cortes à produção de petróleo além de março de 2018 para reequilibrar o mercado global do óleo, segundo uma alta executiva do braço de trading da BP.

"O reequilíbrio já está em andamento", disse Janet Kong, CEO de oferta integrada e trading da BP para o Hemisfério Oriental, em entrevista, em Cingapura. Mas a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) precisa "definitivamente manter os cortes além do primeiro trimestre" para reduzir os estoques e retornar aos níveis historicamente normais, disse ela.

A visão da BP surge após reunião entre a Opep e seus parceiros, em Viena, encerrada sem uma decisão a respeito do prolongamento ou do aprofundamento dos cortes de oferta. O barril de petróleo tem tido dificuldades para se manter acima de US$ 50 em 2017 e os investidores analisam os sinais de queda do excedente de petróleo em todo o mundo frente à preocupação com uma possível ampliação da produção de petróleo dos EUA.

Embora sejam mais conhecidas por seus campos de petróleo, refinarias e postos de combustíveis, a BP, a Royal Dutch Shell e a Total também estão entre as maiores traders de energia do mundo. Em salas de negociação semelhantes às dos grandes bancos de Wall Street, em cidades como Londres, Houston, Chicago e Cingapura, a BP tem uma visão privilegiada sobre o mercado global de petróleo.

"Se eles estenderem os cortes, sim, é possível" atingir US$ 60 por barril no ano que vem, disse ela. "Mas é difícil para mim ver esses preços em um patamar mais elevado de forma sustentável", acrescentou.

'Venderei'

Indagada se comprará ou venderá petróleo Brent, referência para mais da metade do petróleo do mundo, a uma média de US$ 60 por barril em 2018, Kong respondeu: "Venderei".

Kong deu as declarações no momento em que os principais nomes do setor de trading de petróleo se reunia em Cingapura para a Asia Pacific Petroleum Conference (APPEC), conferência anual que congrega eventos públicos, reuniões com clientes e coquetéis noturnos e que serve de termômetro da saúde do mercado de petróleo global.

Kong, que em janeiro se tornou chefe do braço de trading da BP para uma região que vai do Iraque ao Japão após uma carreira na China International Capital Corp. e no Goldman Sachs, pintou um quadro detalhado do mercado de petróleo para o restante do ano e para 2018.

Por um lado, o forte crescimento econômico está ampliando o consumo de petróleo muito além dos níveis históricos, ajudando a derrubar ações, disse ela. O crescimento da demanda neste ano será de cerca de 1,7 milhão a 1,8 milhão de barris por dia, muito acima da média de 10 anos, de cerca de 1,2 milhão de barris por dia, graças ao crescimento nos países industrializados e emergentes, disse Kong.

A economia mundial "quase não poderia estar melhor", já que registra um dos melhores desempenhos desde a crise financeira global de 2008-2009. O diesel é o combustível mais beneficiado pelo aumento da demanda industrial, disse ela.